Karen Attiah, colunista do jornal americano The Washington Post, disse ter sido demitida na semana passada devido a publicações nas redes sociais sobre violência armada e “padrões duplos raciais” feitas após o assassinato do influenciador de direita Charlie Kirk.
Em post na plataforma Substack em que anunciou a demissão, Attiah mencionou várias de suas postagens nas redes que expressavam antipatia pela intolerância política e frustração com a falta de esforços para conter a violência armada. Em uma das publicações, ela criticou a inação da “América branca” que, segundo ela, “não vai fazer o que precisa para se livrar das armas em seu país”.
Segundo Attiah, o Washington Post disse que suas publicações são inaceitáveis, constituem “má conduta grave” e colocam em risco “a segurança física de colegas” —acusações que ela nega.
Um porta-voz do Washington Post se recusou a comentar. As políticas da organização determinam que os funcionários devem usar as redes com responsabilidade e civilidade e tratar as pessoas com respeito.
A seção de opinião da empresa foi remodelada ao longo do último ano após uma determinação de Jeff Bezos, o proprietário, sob o argumento de que o Post abraçaria “liberdades pessoais e mercados livres”.
Essa decisão levou à saída de David Shipley, o editor de opinião do Post, bem como de vários de seus colegas. Ele foi substituído por Adam O’Neal, ex-correspondente da revista The Economist que, antes, foi redator de página editorial no The Wall Street Journal.
Várias empresas cortaram laços com funcionários que fizeram comentários sobre o assassinato de Kirk. A emissora MSNBC demitiu na semana passada Matthew Dowd, um analista político, que disse no ar que o influenciador promoveu discurso de ódio. Ativistas de direita estão incentivando as pessoas a vasculhar a internet em busca de comentários que celebraram o assassinato e a contatar os empregadores.
Attiah não celebrou a morte de Kirk. Ela escreveu no Substack que exerceu “contenção mesmo enquanto condenava o ódio e a violência”. Uma das publicações citou as observações feitas por Kirk sobre Ketanji Brown Jackson, a única juíza negra da Suprema Corte, e Sheila Jackson Lee, ex-membro do Congresso pelo Texas, dizendo que elas não tinham “poder de processamento cerebral para serem levadas realmente a sério”.
“Minha única referência direta a Kirk foi uma publicação —suas próprias palavras registradas”, escreveu Attiah. Ela terminou o post incentivando as pessoas a se inscreverem em um curso online que ela coordena sobre raça e mídia.