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Trump manda matar e exibe ataques como videogame – 23/10/2025 – Marcos Augusto Gonçalves


Os ataques contra embarcações que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem autorizado na costa da América do Sul devem ser considerados, à luz das normas internacionais, como assassinatos. O presidente do que já foi a maior democracia do mundo elimina pessoas que não representam ameaça, não pertencem a forças armadas de nações em guerra contra seu país e não podem se defender.

O autocrata da direita populista dispensa provas, julgamentos e qualquer contraditório. É uma intimidação aos governos da Colômbia e da Venezuela, tidos como contrários aos interesses americanos, e uma tentativa de interferência política na região.

A Colômbia é uma democracia, ora com um governante, Gustavo Petro, à esquerda, que mantém boas relações comerciais e tem colaborado com os EUA com informações sobre o tráfico de drogas. “Ah, mas a Venezuela é uma ditadura.” Sim, mas a Arábia Saudita também, e sempre paparicada por Tio Sam, conhecido apoiador de golpes de Estado, para não mencionar as autocracias que Trump admira vivamente.

Não basta que um país seja considerado uma ditadura para que se torne legítimo executar sumariamente seus cidadãos. É mentirosa, além disso, de modo quase cômico, a versão de que o consumo de cocaína dos norte-americanos —a América é a maior nisso— seja provido por esses pequenos barcos mostrados na TV em espetáculos macabros, estetizados em explosões de videogames. Sabe-se que o México é o principal caminho, como também que o business da droga envolve estruturas poderosas, figurões ligados à política, corrupção e operações de bilhões de dólares.

Foi patético o anúncio da ação (já são mais de 30 mortos) feito por Pete Hegseth, no X:

“Ontem, sob a direção do presidente Trump, o Departamento de Guerra conduziu um ataque cinético letal a uma embarcação”, afirmou, referindo-se à sua secretaria de Defesa como da “Guerra”, nome que está por se adotar. E tranquilizou: “Havia dois narcoterroristas a bordo durante o ataque, realizado em águas internacionais. Ambos os terroristas foram mortos, e nenhuma força americana foi ferida neste ataque.”

A manifestação do presidente Lula sobre o tema foi correta: disse que o autocrata da Casa Branca ameaça levar instabilidade para uma região relativamente segura e gerar problemas mais graves do que aqueles que supostamente pretende resolver.

Trump bem que poderia dar um tempo para o mundo. Sua hiperatividade imperial é cansativa e tóxica, não deixa ninguém em paz. Está sempre arrumando encrenca, produzindo factoides —como a suposta paz no Oriente Médio— e dando vazão à sua perigosa e doentia infantilidade egocêntrica.

Vivemos tempos difíceis, mentalmente empobrecidos, abrutalhados e desanimadores.

Trump tenta colocar em pé uma ordem mundial na qual cada forte cuida de seu quintal, sendo que os EUA impõem os limites. O modo como atua é agressivo e desprovido de credibilidade. Basta dizer que seu governo considera o ministro Alexandre de Moraes, do STF, uma grande ameaça aos EUA e o trata como um agente terrorista.

São sempre perigosos esses momentos históricos em que um sistema internacional —no caso o do pós-Guerra, sob hegemonia americana— dá mostras de desgaste e começa a esfarelar. Ainda mais com um celerado no poder.


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