Forças militares americanas destruíram outro suposto barco do narcotráfico em águas do Pacífico nesta quarta-feira (22), com um saldo de três mortos, anunciou o chefe do Pentágono, Pete Hegseth. Este é o segundo ataque na região em dois dias.
“Mais uma vez, os terroristas agora mortos estavam envolvidos no tráfico de drogas no Pacífico Oriental”, disse Hegseth no X. Após semanas de ataques no Mar do Caribe, esta ação faz parte de um destacamento naval que, segundo os Estados Unidos, foi planejado para lutar contra o tráfico de drogas. Nesta terça, o primeiro ataque realizado no Pacífico matou duas pessoas, segundo Hegseth.
“Três narcoterroristas estavam a bordo da embarcação durante o ataque, realizado em águas internacionais. Todos os três terroristas foram mortos e nenhuma força americana ficou ferida neste ataque”, afirmou o secretário.
A acusação de que o barco era guiado por narcoterroristas foi feita em todos os outros ataques realizados na região nos últimos dois meses —ao menos oito, o que torna a ofensiva uma das mais agressivas dos EUA na América Latina nas últimas décadas.
Hegseth ainda fez coro às afirmações do presidente Donald Trump ao afirmar que “esses ataques continuarão, dia após dia”. “Nós os encontraremos e os mataremos, até que a ameaça ao povo americano seja extinta”, acrescentou. A ofensiva das últimas semanas já matou ao menos 35 pessoas, segundo o governo americano.
A retórica se dá em um contexto de hostilidade contra o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela. Membros do governo Trump afirmam que a estratégia militar e diplomática dos EUA neste momento é aplicar o máximo de pressão sobre o ditador para removê-lo do poder —por meio da força, se necessário. O republicano chegou a autorizar a CIA a realizar operações secretas dentro no país sul-americano com esse objetivo, e até mesmo ataques diretos estariam sendo considerados.
Em agosto, Washington havia dobrado para US$ 50 milhões (R$ 270 milhões) a recompensa oferecida a quem tiver informações que levem à prisão do ditador, na mira do Departamento de Estado desde 2020. Os EUA afirmam que o venezuelano lidera uma rede de tráfico de drogas chamada Cartel de los Soles, cuja existência é negada por especialistas.
Antes disso, em fevereiro, os EUA classificaram a gangue Tren de Aragua, da Venezuela, o cartel de Sinaloa, do México, e outros grupos criminosos de organizações terroristas. A mudança ocorreu um mês após Trump voltar à Casa Branca com um discurso antimigração que frequentemente cita dados equivocados sobre criminalidade praticada por estrangeiros nos EUA.
Por fim, no começo de outubro, Trump informou ao Congresso que o país está em um “conflito armado” formal contra cartéis de drogas.
Os dois últimos ataques anunciados nesta quarta são os primeiros em águas do Pacífico, sugerindo que as ações militares teriam ocorrido perto da costa da Colômbia, não da Venezuela, que é banhada apenas pelo Atlântico. O episódio pode representar mais uma escalada de tensão com o governo de Gustavo Petro.