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90 anos de Mauricio de Sousa, 40 de democratização e mais – 22/10/2025 – Ilustrada

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As últimas quatro décadas marcam o maior período de estabilidade democrática da história do Brasil, mesmo com dois impeachments e quatro prisões de ex-presidentes deixando esse intervalo turbulento.

Ao longo dos 40 anos que se passaram desde o fim da ditadura militar, a Folha foi veículo de diversos artigos de opinião que buscavam interpretar a democracia por diversos prismas. Ler esses textos é um meio de rever as conquistas e impasses que marcaram a vida dos brasileiros, e um livro que propõe esse exercício será publicado em novembro pela editora Civilização Brasileira, selo do grupo Record.

“A Palavra e o Poder” (R$ 89,90, 464 págs.) reúne 40 pares de artigos. Metade dos textos foram pinçados do acervo do jornal, com a assinatura de alguns dos nomes mais relevantes da história democrática brasileira, e os demais são inéditos, escritos por autoras e autores convidados pelos organizadores para dialogar com os textos antigos, como conta a reportagem de Fernanda Mena.

Entre os autores há personalidades tão diversas como Caetano Veloso, Delfim Netto, Marina Silva, Oscar Niemeyer, Sueli Carneiro e também todos os oito presidentes do período. Já os inéditos levam assinaturas como Luiza Helena Trajano, Elena Landau, Djamila Ribeiro, Alessandra Korap Munduruku e Luiz Augusto Campos.

O volume foi organizado pela secretária-assistente de Redação Flavia Lima, também editora de Diversidade, pelo colunista Rodrigo Tavares e pelo repórter especial Naief Haddad. Haverá lançamentos em Brasília, Rio de Janeiro, Belém, Lisboa e São Paulo —que sediará o primeiro evento já nesta quarta (22), às 19h, no Museu da Imagem e do Som.

Segundo o publisher da Folha, Luiz Frias, o livro é uma demonstração da “diversidade de opiniões dos mais de 150 mil artigos de opinião publicados no período”, um exercício de pluralidade que o jornal passou a encampar “de maneira pioneira em relação a outras publicações”.


Acabou de Chegar

“Dança de Enganos” (Companhia das Letras, R$ 79,90, 256 págs.) encerra a trilogia sobre a ditadura que o amazonense Milton Hatoum começou a escrever há quase duas décadas. Apesar de este ser o capítulo final, o autor segue fiel ao seu estilo, evitando explicações e respostas conclusivas. “Deixo tudo nesse território ambíguo, como areia movediça”, ele diz em entrevista ao editor Walter Porto.

“A Terra da Doce Eternidade” (trad. Marina Vargas, José Olympio, R$ 69,90, 160 págs.) reúne contos descartados da celebrada escritora americana Harper Lee. Após a morte da autora em 2016, seus representantes legais encontraram os escritos e publicaram a coletânea que, como aponta o crítico Alvaro Costa e Silva, está acima da média para o mercado. Os dramas e cenários abordados no livro são os mesmos que apareceriam no maior sucesso da autora, “O Sol É Para Todos”.

“Porrada” (trad. Marcela Lanius, Todavia, R$ 82,90, 192 págs.) faz do boxe, esporte comumente associado ao masculino, território de mulheres e meninas. A autora americana Rita Bullwinkel combina conhecimento técnico da prática com questões de saúde mental enfrentadas pelas lutadoras. O livro é repetitivo, mas, segundo a crítica de Raíssa Basílio, “a reiteração funciona como estratégia para expor a complexidade da mente feminina diante da dor e das pressões sociais”.


E mais

Mauricio de Sousa, que completa 90 anos na próxima semana, criou um universo de quadrinhos povoado por personagens inspiradas nas pessoas que passaram por sua vida. Cada um de seus dez filhos tem um similar nos cartuns, desde Mônica e Magali até os irmãos Do Contra e Nimbus. Bidu nasceu de um cachorrinho que Mauricio teve na infância, Cascão era o apelido de um amigo, o dinossauro Horácio é um alter ego do cartunista e Cebolinha era outro amigo de infância que, aos 77 anos, aprendeu a falar corretamente (não mais “coletamente”).

Diante do aniversário de 40 anos de morte do francês Jean Genet, editoras brasileiras retomam a publicação de um dos autores mais subversivos do século 20. Pela Ercolano sai a peça “Heliogábalo” (trad. Régis Mikail e Renato Forin Jr., R$ 71, 144 págs), descoberta apenas no ano passado, e a Todavia publica o romance “Nossa Senhora das Flores” (trad. Julio Castañon Guimarães, R$ 94,20, 256 págs), que o crítico Alex Castro caracteriza como “masturbatório”, mas indicado a “quem compartilha as taras do autor”.

Em seu novo livro, “Ninguém Morre Sozinho” (Gema, R$ 69,90, 160 págs.), Renata Piza vai contra o dito popular de que o luto é um processo solitário e narra a morte do marido, Daniel Piza, como se fosse a própria. O livro começa no fim da “Renata do Daniel” até o nascimento da “Renata com o Daniel”. “Foi todo um processo de tentar entender quem eu era sem o Daniel”, conta a autora em entrevista.


Além dos Livros

A Bienal do Livro de Pernambuco encerrou sua edição deste ano marcando um recorde de público. A feira recebeu em torno de 300 mil pessoas, 50% a mais que a última edição. Segundo o Painel das Letras, o volume de pessoas evidencia o evento como um vértice do mercado literário para além do eixo Rio-São Paulo. A coluna atribui o movimento também à presença de autores expressivos como Mia Couto e Raphael Montes.

A censura a livros nos Estados Unidos é generalizada entre bibliotecas escolares de todo o país —no último ano letivo, um relatório da PEN America registrou 6.870 proibições em 23 estados. Segundo o estudo, a censura ganhou força com a eleição de Donald Trump à Casa Branca. A reportagem de Eduardo Moura conta que “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, e o autor Stephen King foram os maiores alvos dos banimentos de livros.

Após dois anos sendo coordenado pelo físico Marcelo Knobel, o prêmio Jabuti Acadêmico tem uma nova curadora, a advogada e professora da USP Nina Beatriz Stocco Ranieri. Segundo Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro, a nova curadoria “trará uma contribuição decisiva para fortalecer o diálogo entre a universidade, a pesquisa e o mercado editorial”.

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