O governo interino do Peru declarou nesta terça-feira (21) estado de emergência na capital Lima e no porto vizinho de Callao para conter a onda de violência e extorsões atribuída ao crime organizado.
“O estado de emergência aprovado pelo Conselho de Ministros entra em vigor à 0h [desta quarta] por 30 dias na região metropolitana de Lima e em Callao”, disse o presidente José Jerí em uma breve mensagem à nação transmitida pela televisão estatal.
Sob o estado de emergência, o governo pode ordenar que as Forças Armadas saiam às ruas para patrulhar a cidade e colaborar com a polícia na manutenção da ordem. A gestão também pode restringir ou suspender certas liberdades públicas, como o direito de reunião e a inviolabilidade do domicílio.
A capital peruana já esteve parcialmente sob estado de emergência entre março e julho deste ano, após o assassinato do cantor de cumbia Paul Flores por assassinos contratados. Mais de 10 milhões de pessoas vivem em Lima e Callao.
“Compatriotas, a criminalidade cresceu de forma desmedida nos últimos anos, causando enorme dor a milhares de famílias e prejudicando também o progresso do país”, disse Jerí. “Mas isso acabou, hoje começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru”, acrescentou.
A medida é a primeira ação de grande envergadura tomada pelo governo em quase duas semanas no poder, em um país que tem a insegurança como uma de suas principais preocupações. “Passamos da defensiva para a ofensiva na luta contra o crime, uma luta que nos permitirá recuperar a paz, a tranquilidade e a confiança de milhões de peruanos”, disse ele, cercado por seu gabinete ministerial.
As autoridades haviam anunciado, na última quinta-feira (16), que um estado de emergência seria implementado em Lima devido à violência do crime organizado, que motivou protestos em massa que resultaram na morte de uma pessoa e ao menos 100 feridos após operações policiais contra civis.
As manifestações lideradas por jovens resultaram, na quarta-feira anterior, em fortes confrontos perto da sede do Congresso. Milhares de pessoas protestaram naquele dia contra a insegurança, o Congresso e o governo recém-empossado do direitista Jerí.
A insegurança e também a onda de protestos haviam provocado, na semana anterior, a destituição no Congresso da então presidente, Dina Boluarte.
Desde 2024, o Peru sofre um aumento da violência urbana com uma série de extorsões que atingem civis e pequenos negócios, e colocaram a insegurança como a principal preocupação da população, de acordo com pesquisas. As denúncias de extorsão passaram de 2.396 em 2023 para 15.336 em 2024 no país andino, um aumento de 540%. Lima liderou o registro, de acordo com números oficiais.