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Sarkozy torna-se primeiro ex-presidente francês a ser preso – 21/10/2025 – Mundo

Nicolas Sarkozy, 70, tornou-se nesta terça (21) o primeiro ex-presidente da França a ser preso. Ele se apresentou à penitenciária de La Santé, na capital francesa, onde vai ficar em uma cela de nove metros quadrados, em um pavilhão isolado, por questão de segurança.

É o início do cumprimento de uma pena de cinco anos de prisão em um processo de financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007 com dinheiro do então ditador líbio Muammar Kadhafi.

“Não é um presidente que está sendo encarcerado esta manhã, é um inocente”, ele postou na rede social X momentos antes de entrar na prisão.

O caso está dividindo os políticos franceses. Os defensores de Sarkozy, que presidiu a França de 2007 a 2012, denunciam perseguição política. A polêmica respingou no presidente Emmanuel Macron, depois que o jornal Libération revelou que Sarkozy foi recebido na sexta (17) no Eliseu, o palácio presidencial, fora da agenda oficial.

Durante visita oficial à Eslovênia, Macron defendeu sua decisão: “É normal, sob o aspecto humano, que eu receba um de meus antecessores.” Ele reafirmou, porém, respeitar a independência do poder judiciário.

O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, também causou polêmica ao anunciar que pretende visitar Sarkozy, seu mentor na política. Darmanin disse que, pelo cargo que ocupa, tem o direito de visitar qualquer detento.

Um dos filhos de Sarkozy, Louis, que é um conhecido comentarista político de direita, convocou uma manifestação na manhã desta terça em frente à casa do pai.

Parte da controvérsia diz respeito à execução provisória da pena, já que Sarkozy ainda está recorrendo da condenação. É bem provável que o ex-presidente saia da cadeia daqui a algumas semanas, quando um tribunal julgará se recorrer em liberdade representa algum risco para a sociedade.

Aliados de Sarkozy criticaram o princípio da execução provisória. Juristas, porém, apontaram que todos os dias na França condenados são submetidos a ela, sem que isso tivesse causado até hoje qualquer indignação.

A líder das pesquisas para a eleição presidencial de 2027, Marine Le Pen, da Reunião Nacional (ultradireita), também defendeu que as penas só sejam cumpridas após o trânsito em julgado. Le Pen tem interesse na discussão, pois ela mesma está recorrendo de uma condenação que a tornou inelegível, por desvio de fundos do Parlamento Europeu para seu partido.

Sarkozy foi criticado pelos ataques públicos que fez ao judiciário francês. Isso teria levado juízes a sofrerem ameaças.

“Não tenho medo da prisão. Manterei a cabeça erguida. Não roubei, não traí”, afirmou no último domingo (19) ao jornal La Tribune Dimanche.

Curiosamente, Sarkozy foi condenado por formação de quadrilha, mas foi absolvido das acusações de corrupção e financiamento ilegal de campanha. Isso teria ocorrido porque, embora não tenham sido encontradas provas do uso dos recursos, as evidências do esquema envolvendo a Líbia eram esmagadoras.

Dois colaboradores de Sarkozy foram condenados a dois e seis anos de prisão. Um deles terá que usar tornozeleira eletrônica e o outro, por já ter 80 anos, não cumprirá regime fechado.

Inaugurada em 1867, a prisão de La Santé é a única dentro de Paris. Já abrigou detentos ilustres, como o militar judeu Alfred Dreyfus, vítima de um erro judicial por antissemitismo, no final do século 19; o ex-ditador do Panamá Manuel Noriega; o criminoso de guerra nazista Maurice Papon; e Ahmed Ben Bella, herói da independência da Argélia.

Em 1911, o poeta Guillaume Apollinaire passou uma semana preso em La Santé, acusado erroneamente de participação no roubo da Mona Lisa, do Museu do Louvre.

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