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Leão 14 recebe sobreviventes de abuso sexual na Igreja – 20/10/2025 – Mundo

O papa Leão 14 se reuniu nesta segunda-feira (20) pela primeira vez com vítimas de abusos sexuais cometidos por clérigos católicos, segundo participantes, dias depois de a comissão de proteção infantil do Vaticano acusar líderes da Igreja de serem lentos demais em ajudar essas pessoas.

O pontífice se encontrou com membros do Ending Clergy Abuse, informou o grupo. O encontro, que incluiu quatro vítimas e dois defensores, durou cerca de uma hora e teve “um momento significativo de diálogo”, segundo relato da entidade. Não foram divulgadas imagens durante a reunião.

A Igreja, com 1,4 bilhão de fiéis, vem sendo abalada há décadas por escândalos de abuso e acobertamento em todo o mundo, o que afetou sua imagem e custou centenas de milhões de dólares em indenizações.

Bispos criticados em relatório

Um relatório incomumente crítico da própria comissão de proteção infantil do Vaticano, divulgado na quinta-feira (16), afirmou que as vítimas de abuso sexual por parte do clero continuam sofrendo “retaliações perturbadoras” dos líderes da Igreja Católica ao realizarem denúncias.

O documento criticou bispos por não fornecerem informações às vítimas sobre como suas denúncias de abuso estavam sendo tratadas. Também apontou demora do Vaticano em dizer se bispos negligentes haviam sido sancionados.

Pela primeira vez, 40 vítimas contribuíram para a elaboração do documento, algumas das quais denunciaram pressões por parte de autoridades da instituição, mais de 20 anos depois das primeiras revelações em grande escala nos Estados Unidos.

O documento de 103 páginas, apresentado em setembro ao papa Leão 14, insiste nas reparações às vítimas, mediante apoio psicológico, pedidos públicos de desculpas e indenizações econômicas. Também destaca a importância de “comunicar publicamente os motivos” da destituição de um padre.

Gemma Hickey, uma canadense que participou da reunião desta segunda, disse que Leão 14 se encontrou com as vítimas em seu gabinete no palácio apostólico do Vaticano, tirou fotos com elas e as ouviu atentamente.

“O papa Leão 14 é muito caloroso, ele nos ouviu”, disse Hickey. “Dissemos a ele que viemos como construtores de pontes, prontos para caminhar juntos rumo à verdade, à justiça e à cura.”

“Saí da reunião com esperança”, disse Janet Aguti, uma vítima de Uganda que também esteve presente. “É um grande passo para nós.”

Papa discute tolerância zero a abusos

As vítimas disseram que Leão 14 afirmou estar ainda assimilando a magnitude dos escândalos da Igreja. Primeiro papa americano, ele foi eleito em 8 de maio para substituir Francisco, que morreu aos 88 anos, em 21 de abril.

“Acho que ele ainda está numa fase em que tenta descobrir como lidar da melhor forma com essas questões”, disse Matthias Katsch. “Os tempos em que um papa dizia uma frase e tudo se resolvia acabaram.”

Os participantes da reunião afirmaram ter pedido a Leão 14 que criasse uma política global de tolerância zero para padres acusados de abuso —algo pelo que as vítimas têm lutado.

Timothy Law, cofundador do Ending Clergy Abuse, disse ter mencionado ao pontífice que os bispos dos Estados Unidos têm uma política de tolerância zero, promulgada em 2002 após extensas reportagens sobre escândalos de abuso em Boston. “Por que não podemos torná-la universal?”, Law disse ter perguntado ao papa.

O então cardeal Robert Prevost já havia se encontrado com sobreviventes enquanto era missionário e bispo no Peru.

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