Não é bem na esquina da Ipiranga com a São João, mas muito perto dali alguma coisa acontece no 31º andar do edifício Itália, clássico do skyline paulistano desenhado pelo arquiteto Franz Heep. Um dos muitos escritórios de arquitetura que fincaram raízes num dos arranha-céus mais altos e charmosos de São Paulo, o espaço de Melina Romano agora batizado Lab virou um lugar de exposições em que artistas trabalham ao lado de designers para mostrar suas criações, uma espécie de sala de estar nas alturas com uma vista da metrópole.
Um dos primeiros encontros realizados ali mostra os trabalhos de três artistas, Ana Matheus Abbade, Clara Benfatti e Thamiris Mandú, ao lado de esculturas de metal criadas pelo designer Guilherme Wentz, mais conhecido por suas luminárias de traços geométricos e minimalistas, às vezes só traços luminosos no espaço. Grande parte das obras é inédita, feita para a mostra organizada por Carolina Lauriano.
Na visão dela e de Romano, a ideia de trazer os artistas para criar trabalhos junto da prática dos arquitetos só pula uma etapa do processo que já acontece quando um designer planeja um espaço e propõe ao cliente as obras de arte que poderiam se integrar ao lugar.
CIRCOLO ITALIANO Em paralelo, o grupo Tokyo, que já opera o terraço do edifício Martinelli além da casa noturna de mesmo nome, no centro paulistano, planeja criar outro espaço de exposições de arte no terceiro andar do Itália, parte do projeto que chamam de Epicentro, com a proposta de restaurar e investir em vários dos prédios clássicos.
CASA NOVA Não muito longe do centro, a travessa Dona Paula, vila de casinhas escondida atrás do Cemitério da Consolação no bairro de Higienópolis, vai ganhar em dezembro mais uma galeria de arte. A Pórtico, dos sócios Adolfo Caboclo e Alexandre Záskia, será vizinha de outras casas já ali, entre elas as sedes paulistanas de A Gentil Carioca, do Rio de Janeiro, e da Zielinsky, de Barcelona, além da Sardenberg.
CASA ANTIGA No Morumbi, a Casa de Vidro desenhada por Lina Bo Bardi abre no fim desta semana uma mostra dedicada a Pietro Maria Bardi, o marido da arquiteta, um dos grandes responsáveis pela formação do acervo do Masp, também projeto de sua mulher. A mostra, organizada por Giancarlo Latorraca e Jayme Vargas, é uma espécie de biografia de Bardi, narrada por objetos pessoais, arquivos, documentos e seu acervo, com obras de Maria Bonomi e Siron Franco.
O mobiliário do espaço, também idealizado por Lina Bo Bardi, ganha a companhia dos suportes feitos pela arquiteta na década de 1960 para o Museu de Arte Moderna da Bahia, no centro de Salvador.
LONDON CALLING Recém-aberta em paralelo à feira Frieze, na galeria Sprovieri, em Londres, uma mostra com as chamadas pinturas negativas de Antonio Dias, série entre as mais célebres deste que foi um dos maiores artistas da história do país, terá uma montagem também em São Paulo, na Gomide&Co. As peças vieram do acervo de Gió Marconi, galerista de Milão que representava Dias na Itália, onde viveu.
VEM AÍ No fim do mês, Jota Mombaça organiza na Martins&Montero uma mostra coletiva inspirada na radicalidade queer da obra de Hudinilson Jr. Já a Raquel Arnaud abre uma individual de Antonio
Manuel com mais de 30 trabalhos inéditos do artista.
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