Após um dia de pompa com a família real britânica, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump chegou nesta quinta-feira (18) à residência de campo do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, para firmar um acordo em meio à guerra tarifária que criou.
Sentados lado a lado em uma tenda no terreno da residência em Chequers, os dois líderes celebraram a inauguração de um pacote recorde de £ 150 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) de investimentos americanos no Reino Unido, parte de um pacote mais amplo de £ 250 bilhões que, segundo autoridades, beneficiará ambos os lados.
“Este é um grande dia para o relacionamento especial”, disse Starmer, agradecendo aos líderes empresariais presentes. “Uma celebração do que aconteceu antes, é claro, mas mais do que isso, um momento para gerar investimentos, empregos e negócios que melhorarão a vida das pessoas agora e iluminarão o relacionamento especial pelos próximos anos.”
Trump foi igualmente efusivo. “Os laços entre nossos países não têm preço”, afirmou. “Fizemos algumas coisas que são financeiramente ótimas para ambos os países. Acho que temos um vínculo inquebrável, independentemente do que estejamos fazendo hoje.”
O acordo representa uma renovação do chamado “relacionamento especial” entre as duas nações, algo que Starmer tem se esforçado para cultivar apesar das diferenças com Trump.
A estratégia de recebê-lo com pompa pode ter dado certo: na quarta-feira (17), discursando ao lado do rei Charles 3º no Castelo de Windsor, Trump descreveu a visita como “uma das maiores honras” de sua vida.
Já nesta quinta, o republicano foi recebido na residência de campo ao som de gaitas de fole. Starmer e sua esposa, Victoria, cumprimentaram o americano calorosamente. Starmer espera que a recepção impeça o líder americano de se aprofundar em áreas mais sensíveis, como as leis de segurança online do Reino Unido e sua posição sobre Israel.
O premiê britânico anunciou que vai reconhecer o Estado da Palestina, em consonância com países como França, Canadá, Austrália e Portugal. A imprensa inglesa noticiou, inclusive, que Starmer o fará no próximo fim de semana, não na Assembleia-Geral das Nações Unidas, onde os líderes mundiais discursam a partir de terça-feira (23).
Questionado sobre o tema, o americano afirmou: “Tenho uma discordância com o primeiro-ministro nesse ponto, uma de nossas poucas discordâncias, na verdade.” Starmer, por sua vez, disse que ele e Trump concordam quanto ao objetivo final de paz na região. “Concordamos plenamente sobre a necessidade de paz e de um roteiro, porque a situação em Gaza é intolerável.”
Para Evie Aspinall, diretora do think tank British Foreign Policy Group, Starmer “está passando por um momento difícil internamente e precisa de uma narrativa internacional positiva e de trazer Trump a bordo em questões-chave”, disse. Segundo ela, Trump também gostaria de mostrar que há valor em relações próximas com o britânico. “Ambos os lados percebem que há muito a ganhar.”
Em discurso no banquete de quarta, Trump disse que o Reino Unido “estabeleceu as bases da lei, da liberdade, da liberdade de expressão e dos direitos individuais” sob seu império e “deve continuar a defender os valores e os povos do mundo anglófono”.
Poucas horas depois, ele comemorou a suspensão do programa do apresentador Jimmy Kimmel por comentários sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, pressionando emissoras americanas a pararem de exibir conteúdo que ele considera questionável.