Vários personagens de Mauricio de Sousa, que compõem o universo da Turma da Mônica, são inspirados em pessoas da vida do cartunista, que completa 90 anos no dia 27.
Ele recorreu, na maioria dos casos, a familiares e amigos da infância. O Cebolinha, por exemplo, vem de Luiz Carlos da Cruz, menino que trocava o R pelo L de verdade e brincava com o irmão de Mauricio nas ruas de Mogi das Cruzes, cidade no interior de São Paulo onde eles cresceram. Vem de lá também a inspiração para o Cascão, um garoto do grupo que detestava tomar banho.
Já Mônica e Magali são baseadas em filhas de Mauricio. Ele teve dez, e criou personagens para todos. Fez isso também para a avó, dona Benedita, que o ensinou a amar histórias, e para o irmão, Marcio Araujo, morto há 14 anos.
O desenhista ganha nesta quinta-feira uma cinebiografia, “Maurcio de Sousa: O Filme”. Antes de ver a obra nos cinemas, saiba quem está por trás dos personagens que marcaram a infância de gerações inteiras.
Mônica
A líder da turma, dentuça e valente, não foi a primeira criação de Mauricio de Sousa. Ela nasceu numa tira do Cebolinha, em 1963, inspirada na segunda filha do autor com Marilene, sua primeira mulher. Também veio de uma vontade dele de atrair as leitoras meninas.
Bidu
Figura inaugural na trajetória do quadrinista, o cãozinho tomou forma em 1959 e teve sua personalidade inspirada em Cuíca, vira-lata que o cartunista teve na infância. Seus traços foram, porém, inspirados no schnauzer de uma vizinha dele.
Cebolinha
O garoto que troca o ‘R’ pelo ‘L’ apareceu como coadjuvante numa tira em 1960. A inspiração foi Luiz Carlos da Cruz, amigo de infância do artista em Mogi das Cruzes, no interior paulista, cujo apelido foi dado pelo pai do quadrinista por causa do seu cabelo espetado.
Magali
A menina comilona é inspirada na terceira filha de Mauricio, que, como a personagem, era apaixonada por melancia. Ela nasceu numa tira de 1964, em que aconselhava Mônica a ser ‘mais feminina’ —mas a amiga acaba batendo no garoto Albertinho.
Cascão
Melhor amigo de Cebolinha, o sujinho da turma tem medo de água e não sai de casa sem seu guarda-chuva. Foi criado em 1961, a partir de um amigo de infância do autor que tinha esse apelido justamente por não gostar de tomar banho.
Chico Bento
Símbolo do mundo caipira, ele surgiu em 1963, numa tira de Hiroshi e Zezinho. Seu jeito une um tio-avô e figuras da infância do autor em Santa Isabel e em Mogi das Cruzes. Sua fala marcada por regionalismos e brincadeiras com a grafia foi motivo de polêmica.
Horácio
O alter ego do autor não é um menino, mas um dinossaurinho. Ele surgiu como pet do pré-histórico Piteco, em 1961, antes de ganhar sua própria tira dois anos depois —escrita pelo próprio Mauricio de Sousa, ela tendia mais à filosofia que a um humor mais infantil.
Franjinha
O dono do Bidu foi o primeiro menino criado por Mauricio de Sousa, em 1959, apesar de não fazer parte do atual quinteto da turma. Os traços do garoto, que viraria um precoce cientista maluco, foram baseados em Carlos, um sobrinho do cartunista.
Marcelinho
O caçula do artista, Marcelo, hoje com 27 anos, foi incorporado em 2015 às histórias como um menino apaixonado por números, economia e futebol. Assim, ele começou a protagonizar narrativas que abordam sustentabilidade e meio ambiente.
Maria Cebolinha
Bebê fofa e curiosa, a irmã do Cebolinha foi feita a partir da primogênita do quadrinista, Mariângela, numa tira de 1963. A história do seu nascimento só foi narrada em 1991, mostrando como o menino superou seus ciúmes de filho único e acolheu a sua irmãzinha.
Dorinha
A garota fashionista do bairro do Limoeiro estreou em novembro de 2004. Com deficiência visual, ela é acompanhada pelo seu cão-guia, o brincalhão Radar. Ela foi batizada em homenagem à educadora Dorina Nowill, que perdeu sua visão quando tinha 17 anos.
Professor Spada e Médico Spam
Como em ‘O Médico e o Monstro’, o instrutor de informática que se transforma num vilão após ser atingido por descargas elétricas foi inspirado em Mauricio Spada e Sousa, quarto filho do autor, morto em 2016, aos 44 anos, depois de um infarto.
Jeremias
Primeiro personagem negro a aparecer nas histórias de Mauricio de Sousa, em 1960, ele não teve inspiração em nenhum conhecido do quadrinista. Integrante da Turma do Bermudão, ele anda sempre com sua boina vermelha, um presente que foi dado pelo seu avô.
Milena
A primeira menina negra dos gibis da turma, hoje parte do quinteto principal, só veio a público em 2017, apesar de o autor ter dado pistas sobre ela e sua família dez anos antes. A mãe da garota esperta e espevitada é dona de uma clínica veterinária no Limoeiro.
Nimbus
Irmão de Do Contra, o personagem é insipirado em Mauro, oitavo filho do autor, do relacionamento com Alice Takeda —daí a ascendência japonesa. Fascinado por ilusionismo e metereologia, mas com medo de trovões, ele surgiu em uma revista do ano de 1994.
Do Contra
Outra criação de 1994, o irmão mais novo de Nimbus tira seus traços de Mauricio Takeda, nono filho do quadrinista. Como adianta o seu apelido, o garoto idolatra a contradição, discordando de todos —o que rende, não raro, trocadilhos bem inusitados.
Vanda e Valéria
São inspiradas nas filhas gêmeas que o artista teve do relacionamento com Vera Lúcia Signorelli. Apesar de uma ponta em 1988, elas só começaram a aparecer em outras histórias nos anos seguintes e, depois, nos gibis da Turma da Mônica Jovem.
Vó Dita
Baseada em Benedita, avó paterna do autor, ela é a avó viúva de Chico Bento. Com um dom especial para a contação de histórias, ela atrai a garotada da Vila Abobrinha em sua casa desde sua primeira aparição, em 1982, numa revista solo de seu netinho.
Marina
A garotinha artista debutou nas histórias há três décadas, inspirada na sétima filha do autor. Transitando entre os mundos com seu lápis mágico, ela faz uma ponte dos gibis com a realidade, já que Mauricio de Sousa e Alice Takeda são retratados como os seus pais.
Tina
De olho no público adolescente, Mauricio de Sousa criou a estudante de jornalismo em 1970 a partir de traços de suas filhas durante a juventude. Ela nasceu com um visual hippie e, ao longo dos anos, foi se modernizando, discutindo as vivências típicas da sua idade.
Rolo
Parte da turma de Tina, Rolo remete ao jeito atrapalhado de Marcio Araujo, irmão de Mauricio de Sousa. Criado em 1972 como um representante da contracultura paz e amor, o rapaz célebre pelo cabelo e barba azuis é guitarrista, fotógrafo e muito namoradeiro.