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Final de Vale Tudo faz seus fãs e haters lotarem bares – 17/10/2025 – Ilustrada

Na noite desta sexta (17), Gilberto Gil se apresentou em sua turnê de despedida e o novo Yorghos Lanthimos estreou na mostra de cinema de São Paulo. Por algum motivo algumas pessoas optaram voluntariamente por ver novela. Num bar. Pagando entrada.

A razão era descobrir quem matou Odete Roitman.

“Vale Tudo” não foi exatamente um sucesso de crítica, mas pelo menos fez muito dinheiro com muito jabá dramatizado. Nada mais justo que transbordar os ganhos para os pequenos e médios empreendedores donos de estabelecimentos comerciais.

“Odeio muito essa novela”, diz o gerente de marketing Thiago Oliveira, que gastou R$ 170 para imprimir dez máscaras com os rostos dos personagens principais do folhetim e distribuir entre os amigos. Ele combinou de assistir o capítulo final com seus amigos no Mantra, um bar na rua Augusta.

Nessa noite, o medo em torno do metanol ainda pairava pelo ar. Os frequentadores preferiram cerveja e drinques sem álcool. A única exceção foi uma opção especial, em homenagem à vilã Odete Roitman, com espumante, vodka e xarope de morango.

“Sou muito fã da original, vi três vezes”, diz Oliveira. Já o remake o decepcionou e ele parou de assistir.

O fato de uma novela estar comovendo o Brasil inteiro de um jeito que não acontecia há muito tempo, porém, o comoveu a ponto de fazê-lo gastar uma noite de sexta-feira assistindo uma novela que não gosta.

“Odeio muito, mas tô aqui dando audiência pra ela”, diz o autodeclarado “hater” de Manuela Dias, autora da novela.

“Já assisti final de copa em bar, mas nunca final de novela. Eu ia assistir na minha casa”, diz a contadora Tatiane Dominato. Quem a convenceu a sair do conforto de seu lar foi o rapaz que a acompanhava, este, sim, fã de carteirinha de “Vale Tudo”.

O publicitário Michel Chamon fecha a cara e leva muito a sério quando é questionado se gosta mesmo da novela. Fã da versão original, ele reconhece que houve muito merchandising mal inserido na trama e que o teor político da novela de 1989 foi esvaído da versão de 2025. Por outro lado, diz que a autora foi capaz de colocar pontos interessantes e um ar de mistério na novela.

“Essa versão é muito boa, a última que teve isso de ir no bar tomar uma e assistir novela foi ‘Avenida Brasil’”, diz Chamon. “Na novela original não tinha um negro, agora tem não só a Taís Araujo, mas todo um núcleo [de personagens negros].”

Na Barra Funda, o público se acotovelou no interior do bar Baiúca para ver a novela projetada no alto de uma parede branca com um pequeno delay no áudio. A entrada era franca.

Vidrados e sorridentes, os chamados “santa ceciliers” cantaram junto as canções da trilha e puseram a mãozinha no coração quando a mocinha se casou. Soltavam gritinhos com alguma frequência —um a cada três minutos aproximadamente. A cada vez que a fachada do Copacabana Palace surgia em cena, os gritos se intensificavam. Quando foi revelado que a vilã sobreviveu, foi uma coqueluche.

As amigas cariocas Odete (nome fictício) e Priscila estavam em São Paulo a passeio. A primeira virou noites assistindo à novela no Globoplay para conseguir chegar ao último episódio a tempo de ver na TV aberta. A segunda não viu nenhum capítulo —não por não gostar, mas por falta de tempo.

As duas decidiram bater perna para ver o que tinha para fazer nesta sexta à noite. Subindo a Augusta, Odete viu uma placa na frente do bar anunciando que a novela seria exibido e que ainda teria um bolão de apostas sobre quem matou a vilã da novela. A noveleira tratou de convencer a amiga, que topou.

Entraram no bar, mas o gerente falou que não cabia mais gente. “Eu falei ‘pelo amor de Deus, a gente veio do Rio de Janeiro, eu preciso assistir a essa novela, me bota em pé’”. E as duas assistiram à novela em pé num cantinho do bar, felizes da vida.

O casal Rafaela Gimenez e Nicolas Gomes não teve a mesma sorte. “Eu não sou fã da novela, mas não detesto”, diz a moça. Ela e o namorado saíram de casa caçando algum lugar para ver o capítulo final do folhetim. Tentaram entrar, mas não conseguiram. A chuva ainda estava fraca então os dois tentar a sorte numa boate próxima.

Gimenez diz que não é fã da novela, mas não detesta. Já o namorado gostou da ideia porque acho que ia ter um clima de final de Copa do Mundo. “As pessoas amaram odiar a novela”, diz a artista.

Para ela, está foi uma versão muito despolitizada e branda de “Vale Tudo”. “Acho que a Manuela Dias e a Globo tiraram o principal da novela original que era a crítica social. Fizeram uma novela muito leve, novela pra hitar na internet”, diz.

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