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Trump aplica manual anti-imprensa, diz CEO do NYT – 18/09/2025 – Mundo

A CEO do New York Times afirmou que a empresa “não se intimidará” pelo processo de US$ 15 bilhões (R$ 79 bilhões) movido por Donald Trump contra o jornal e acusou o presidente dos Estados Unidos de colocar em prática um “manual anti-imprensa”.

Meredith Kopit Levien descreveu o processo não apenas como juridicamente infundado, mas como parte de uma campanha para intimidar o jornalismo independente, traçando paralelos com táticas autoritárias em outros países.

“Existe hoje um manual anti-imprensa neste momento. Se você olhar para países como Turquia, Hungria e Índia, esses países têm eleições, mas também trabalham para reprimir a oposição ao regime”, disse Levien em uma conferência do Financial Times.

“Como esse manual anti-imprensa se manifestou nesses lugares? É assédio a jornalistas, é o descrédito do jornalismo independente. E parece com o que estamos vendo aqui.”

“O New York Times não se intimidará com isso”, disse Levien, em seus primeiros comentários públicos desde que o processo foi movido.

Suas declarações foram feitas dois dias depois que Trump processou o grupo de mídia por US$ 15 bilhões, acusando o jornal de agir como “um porta-voz de boca-cheia” do Partido Democrata.

A ação, movida em um tribunal federal dos Estados Unidos na Flórida na noite de segunda-feira (16), descreve o Times como “um dos principais e assumidos divulgadores de falsidades contra o presidente Trump”.

O embate marca uma escalada da ofensiva legal do presidente contra a mídia —e um teste das proteções da Primeira Emenda para a liberdade de expressão e de imprensa.

O processo é a quarta ação bilionária por difamação movida por Trump contra um grande veículo de comunicação dos EUA desde março de 2024.

A ABC News e a CBS News fecharam acordos no início deste ano, aceitando pagar US$ 15 milhões (R$ 79,3 milhões) e US$ 16 milhões (R$ 84,6 milhões), respectivamente, para a biblioteca presidencial planejada por Trump.

Em julho, Trump processou o Wall Street Journal por US$ 10 bilhões (R$ 53 bilhões) devido a uma reportagem sobre um bilhete de aniversário que ele teria enviado ao financista Jeffrey Epstein, que morreu na prisão em 2019, acusado de abusos sexuais.

Especialistas em liberdade de expressão afirmaram que o processo de Trump contra o Times parece não ter mérito. “É uma declaração de desprezo pela verdade, pelo público americano, pelo sistema judicial e por tudo aquilo que merece nosso respeito na tradição americana”, afirma Rebecca Tushnet, professora de Primeira Emenda na Faculdade de Direito de Harvard.

RonNell Andersen Jones, professora de Direito da Universidade de Utah e pesquisadora do Yale Information Society Project, alerta: “O mérito da ação não é o ponto aqui. Meu palpite é que os objetivos principais foram ter um processo legal que atue como um manifesto contra a imprensa, abrir uma ação que será esmagadoramente cara de defender e esperar que o processo volte a servir de alavanca contra uma fonte poderosa de jornalismo investigativo crítico”.

Trump está buscando uma indenização por danos “não inferior a US$ 15 bilhões”, bem como uma indenização punitiva a ser determinada pelo tribunal.

O New York Times é avaliado em menos de US$ 10 bilhões no mercado de ações, depois que suas ações atingiram uma máxima histórica neste mês.

Levien afirmou na quarta-feira (17) que o processo não se sustenta. “Carece de qualquer fundamento jurídico legítimo. Acredito que seu objetivo seja sufocar o jornalismo independente, dissuadir o tipo de reportagem baseada em fatos pela qual o Times e outras instituições são conhecidos.”

“Isso não terá esse efeito. O Times continuará a seguir os fatos aonde quer que eles levem, mesmo quando for a lugares desconfortáveis”, disse ela.

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

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