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Martin Scorsese ganha série biográfica a Mostra de Cinema – 15/10/2025 – Cinema

Rebecca Miller, a cineasta por trás de “Mr. Scorsese”, é, pela própria natureza, quase como um portal para as histórias e os contatos mais inesperados do mundo das artes. Seu pai, o dramaturgo Arthur Miller, autor do clássico “A Morte do Caixeiro Viajante”, conheceu e se apaixonou por sua mãe, a fotógrafa austríaca Inge Morath, enquanto era casado com Marilyn Monroe.

E ela é mulher do ator inglês Daniel Day-Lewis, vencedor de três Oscar, e mãe do jovem cineasta Ronan Day-Lewis, que dirigiu o pai no longa “Anemone”, filme que teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Nova York, em setembro, e deve chegar ao Brasil no mês que vem.

Mas nenhum desses nomes parece atormentar a cineasta, que leva sua vida e sua carreira com leveza, sem tentar nem fugir dessas conexões familiares nem se aproveitar delas. Miller tem uma obra cinematográfica interessantíssima, com filmes deliciosos como “O Plano de Maggie”, com Greta Gerwig e “A Vida Íntima de Pippa Lee”, com Robin Wright, Winona Ryder e Blake Lively.

A série biográfica “Mr. Scorsese”, em cinco episódios de mais ou menos uma hora cada um, é como um retrato em movimento, recheado por entrevistas, tanto do próprio Scorsese quanto de sua editora de todos os filmes desde 1966, Thelma Schoonmaker. Robert De Niro, Leonardo DiCaprio, Jodie Foster e até o marido da diretora (Day-Lewis) dão entrevistas. Steven Spielberg, Brian De Palma, Spike Lee e Paul Schrader também falam sobre o amigo.

Mas o que faz deste um programa especial e ultra-atraente, merecedor de cinco horas preciosas $ em plena Mostra, é justamente o olhar curioso, caloroso e íntimo de Rebecca sobre seu personagem. Esta não é uma aula de cinema ou um verbete enciclopédico sobre Scorsese, e sim uma colagem de entrevistas com a família, imagens de arquivo e entrevistas dadas com tempo e descontração —dois objetos de desejo de repórteres da área com gente de cinema, cada vez mais raros.

Miller embaralha a vida e a arte de Scorsese de maneira que, em determinado momento, você começa a não distinguir onde uma começa e a outra termina. O cineasta que largou a batina para fazer alguns dos filmes mais violentos de Hollywood também refletiu no cinema o caos da vida do menino asmático, que cresceu em uma comunidade de imigrantes italianos em Nova York.

Scorsese fala com honestidade absoluta sobre os anos em que chafurdou nas drogas, os vários casamentos, a obsessão com cada detalhe de cada longa, o que acabou afastando todos ao seu redor por muitas décadas. Hoje em dia, há uma doçura nele, o cineasta ousado e intenso deu lugar a um senhor divertido, que olha para trás com humor e alguns arrependimentos também.

A montagem de Miller pega emprestado o estilo do seu personagem, e salta de temas a épocas e estados de espírito como os filmes de Scorsese —com cortes rápidos, ritmo marcado e muita energia.

Há desde trechos de seus filmes caseiros a storyboards de grandes sucessos, além de muito Rolling Stones, banda inglesa que já foi tema de um documentário feito pelo cineasta, “Shine a Light”, de 2008.

As cinco horas passam voando. Podia ter o dobro do tempo, de tão bom que é.

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