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Especialista em antifascismo foge dos EUA para a Espanha – 15/10/2025 – Mundo

Um especialista em antifascismo da Universidade Rutgers fugiu dos Estados Unidos com sua família na quinta-feira (9) após ameaças de morte que se seguiram à decisão do presidente Donald Trump para caracterizar o movimento antifascista de esquerda Antifa como uma organização terrorista doméstica.

Na quarta-feira (8) à noite, o especialista, Mark Bray, foi impedido de embarcar no Aeroporto Internacional Liberty de Newark, após obter os cartões de embarque da família, despachar as bagagens e passar pela segurança, sendo informado que sua reserva havia sido cancelada. Mas seu voo foi remarcado e ele decolou sem incidentes na quinta à noite.

Bray, um historiador que publicou o livro “Antifa: O Manual Antifascista” em 2017, havia ministrado cursos sobre antifascismo e terrorismo na Rutgers, em Nova Jersey, sem grande fama até algumas semanas atrás.

Nas semanas após o assassinato de Charlie Kirk, fundador do Turning Point USA, ele se tornou alvo de ódio da direita, acusado de fazer parte do movimento que estudava. Jack Posobiec, um influenciador de direita, chamou Bray de “professor terrorista doméstico” na rede social X. O Turning Point USA então fez circular uma petição acusando Bray de ser um “membro declarado e conhecido da Antifa”, pedindo sua demissão.

A petição se referia a ele como “Dr. Antifa”.

“Meu papel nisso é como professor”, disse Bray, professor assistente na Rutgers, em uma entrevista na quarta-feira. “Nunca fiz parte de um grupo Antifa, e não faço atualmente. Há um esforço em andamento para me retratar como alguém que está fazendo as coisas que pesquisei, mas isso não poderia estar mais longe da verdade.”

O furor cresceu depois que a Fox News reportou sobre a petição. O endereço residencial de Bray foi revelado nas redes sociais. Ele recebeu várias ameaças de morte, incluindo uma prometendo matá-lo na frente de seus alunos.

Ele notificou a polícia local e a do campus, mas com dois filhos pequenos, ele e sua esposa, que também é professora na Rutgers, decidiram que seria mais seguro se mudar para a Espanha e lecionar remotamente, pelo menos durante este ano acadêmico, disse ele.

Em um comunicado na quarta-feira, a Rutgers disse que não comenta sobre assuntos de pessoal ou conduta estudantil. “A Universidade Rutgers está comprometida em fornecer um ambiente seguro —para aprender, ensinar, trabalhar e pesquisar— onde todos os membros de nossa comunidade possam compartilhar suas opiniões sem medo de intimidação ou assédio”, acrescentou.

Bray disse que a universidade havia oferecido segurança para suas aulas, mas que ele ainda sentia que sua família estaria em risco. Ele e sua esposa foram autorizados a ensinar remotamente como resultado das ameaças, disse ele.

Em uma página do Reddit da Rutgers, estudantes expressaram tristeza e choque com sua partida. Membros do corpo docente, da Rutgers e de outras instituições, enviaram mensagens de apoio, disse ele.

“Não há lugar no ensino superior americano para ameaças de morte contra professores”, disse Todd Wolfson, presidente da Associação Americana de Professores Universitários e membro do corpo docente de Rutgers, em um comunicado. “Estamos do lado do Professor Bray contra este grave ataque à liberdade acadêmica e à liberdade de expressão.”

Vários dias após publicar a petição pedindo a demissão de Bray de Rutgers, o Turning Point USA adicionou uma atualização dizendo que não apoiava o assédio ou a exposição de dados pessoais dele ou de qualquer outra pessoa.

“Acho que todas as ameaças de morte e exposição de dados pessoais são injustificadas e não é assim que disputas políticas deveriam ser resolvidas em uma sociedade civilizada”, disse Ava Kwan, membro do Turning Point USA, em um e-mail na quarta-feira.

Mas ela defendeu o objetivo mais amplo da petição, dizendo: “Acho que o Dr. Antifa, que acredita na violência como ferramenta política, deveria ser demitido, é claro. O dinheiro dos contribuintes não deveria financiar os salários de terroristas.”

Por anos, o Turning Point USA manteve uma lista de vigilância de centenas de professores que o grupo acusa de promover propaganda esquerdista na sala de aula. Bray está na lista.

Ele é mencionado em parte porque falou sobre como a militância às vezes é necessária para combater o fascismo. Na introdução de seu livro de 2017, ele escreveu que esperava que seu trabalho promovesse a organização contra o fascismo, a supremacia branca e todas as formas de opressão.

Ele doou metade dos lucros de autor do livro para o Fundo Internacional de Defesa Antifascista, que apoia os custos legais e médicos de pessoas que enfrentam acusações relacionadas à organização antifascista, inclusive na Europa Oriental. Entretanto, esse fundo não é uma organização Antifa, disse ele.

“Considero-me um antifascista na medida em que sou contra o fascismo, mas não faço parte de nenhum desses grupos”, acrescentou.

Uma petição rival no Change.org começou a circular no domingo (12), pedindo que a organização do Turning Point USA na Rutgers fosse desmantelado, acusando-a de incitar violência e promover discurso de ódio. Essa petição obteve cerca de 4.000 assinaturas, milhares a mais que a petição original pedindo a demissão de Bray.

Além de seu trabalho sobre antifascimo, Bray é historiador da Espanha moderna. Seu livro mais recente, “A Inquisição Anarquista: Assassinos, Ativistas e Mártires na Espanha e na França”, explora o ativismo que surgiu em resposta a uma onda de repressão desencadeada pelo Estado espanhol para reprimir atividades anarquistas no início do século 20.

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