Temos de reconhecer. O mundo está num estado de tamanha insanidade que justo foi Donald Trump —Donald Trump— que disse: bom, vamos lá parar com esta loucura.
Bem sei, bem sei. Ainda há pouco tempo ele estava empenhado em construir um empreendimento imobiliário de luxo no local onde acontecia uma catástrofe, e em uma operação de limpeza que implicava a remoção de milhares de pessoas para longe de sua terra.
Mas de repente ele resolveu envolver vários países da região em negociações que resultaram num acordo de paz. Há quem diga que ele só tomou essa decisão por vaidade. Seu único objetivo, dizem os críticos, era vencer o prêmio Nobel da Paz.
Por mim, não o censuro. Se ele alcançar uma paz minimamente estável e duradoura naquela região, acabando com o horror a que todos assistimos nos últimos anos, proponho não só darmos a ele o Nobel da Paz, mas também o Oscar de melhor ator.
O Nobel da Paz para premiar os esforços levados a cabo para a obtenção da paz; o Oscar de melhor ator para premiar o modo como fingiu que sua principal preocupação era a obtenção da paz.
Além disso, fico feliz que Donald Trump tenha interesse nesse tipo de galardão. É importante não se esquecer que ele foi eleito ao manifestar desprezo pelas instituições “do sistema”.
Parte do fascínio que o seu discurso exerce sobre o eleitorado tem a ver com essa crítica às elites que atribuem esses prêmios. Que ele esteja interessado em ser distinguido por essa elite malvada pode contribuir para pacificar a sociedade.
Por mim, recebia também o Nobel da Medicina pela sua brava luta contra o paracetamol. Na verdade, o que interessa a motivação de uma pessoa, se o importante é o resultado obtido?
Quando temos um filho pré-adolescente que não quer estudar e lhe prometemos uma viagem à Disneylândia, se ele passar no exame de matemática, queremos mesmo saber se ele se esforçou por amor à aquisição de conhecimento ou por afeição ao Mickey?
Talvez a solução para todos os problemas do mundo seja prometer a Donald Trump uma viagem ao destino que para ele equivale à Disney. Que é, provavelmente, a ilha de Jeffrey Epstein.
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