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Odete Roitman: Morte em ‘Vale Tudo’ movimenta as redes – 07/10/2025 – Ilustrada

Era fim de tarde em Copacabana. Numa padaria, dois clientes riam enquanto falavam sobre morte. Um homem pediu um café coado para debater com a colega o assassinato de outra mulher, uma que nem existe. Ou que talvez exista, de tão viva que ainda está na cabeça dos brasileiros —Odete Roitman.

Mais emblemática das vilãs, a megera da novela “Vale Tudo” tinha hora marcada para bater as botas —por volta de 22h desta segunda-feira, quando acabasse o capítulo do remake exibido no horário nobre da Globo neste ano.

Há tempos um folhetim não virava conversa de rua. Tamanha expectativa culminou no capítulo mais visto desde a estreia da novela. Segundo o Kantar Ibope, foram 31 pontos de audiência na Grande São Paulo, principal mercado publicitário para a televisão no Brasil, e 38 no Rio de Janeiro.

No Painel Nacional de Televisão, o PNT, que mede a audiência nas principais cidades do país, 52% dos televisores que estavam ligados no momento estavam sintonizados na Globo. Comparações diretas são algo frágeis, visto que os padrões e as métricas de audiência mudam ao longo do tempo, mas na primeira versão, exibida em 1988, esta participação foi de cerca de 80%, o que mostra uma queda significativa.

Mas, na época, não havia o Globoplay, por exemplo, plataforma que registrou com “Vale Tudo” seu recorde de usuários para uma novela desde que foi lançado, há cerca de uma década. O engajamento no streaming espelha o que aconteceu nas redes sociais. O folhetim somou cerca de 130 mil menções e 2,9 milhões de interações no X, o antigo Twitter, nesta segunda-feira, de acordo com um levantamento da Fundação Getúlio Vargas.

Ainda segundo o estudo, no Instagram, sete das dez publicações que mais tinham interações na rede no momento em que a novela era exibida tratavam da morte da vilã, com memes, lamentações e, claro, muitas teorias —nas contas da FGV, aliás, os fãs têm Maria de Fátima, interpretada por Bella Campos, como a principal suspeita do assassinato.

Os debates coroam a repercussão do remake, para o bem e para o mal, com debates diários nas redes sobre as mudanças feitas por Manuela Dias, a autora, em relação à obra original, de 1988, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, um marco da televisão.

Na cena original, Odete é encontrada morta, toda ensanguentada, encostada numa parede e largada no chão de um apartamento. Não se vê o momento do atentado —só depois a novela mostra como ela levou os três tiros.

Desta vez, Odete estava no hotel de luxo Copacabana Palace. “Para que essa barbárie? Vamos conversar”, ela implora, com os olhos marejados. Mas depois volta a ser a arrogante de sempre. “Meu bem, ninguém tem coragem de atirar em Odete Roitman”, diz, antes de ser arremessada para trás com a força de um tiro. Escorrega pela parede, como na versão original, mas termina bem menos suja de sangue.

Há quem pense que Odete vai ser mantida viva, porém, e que toda essa cena não passou de fingimento dela. Faria sentido, até, porque a vilã se tornou o elemento mais celebrado do remake. Bloch interpretou a malvada com mais humor e virou meme na internet.

Deixar Odete viva poderia incomodar os saudosistas, mas certamente faria boa parte do público feliz, como mostrou pesquisa do Datafolha realizada no mês passado. Segundo o estudo, embora a maioria dos espectadores acreditasse que a vilã devesse ser punida, apenas 4% queriam a sua morte.

O castigo mais desejado era a pobreza, para 47%, seguida da prisão, para 35%. A percepção é diferente da que foi registrada por uma pesquisa do mesmo instituto, ainda que restrita à cidade de São Paulo, em 1988. À época, eram 38% os que queriam a sua morte.

Beatriz Segall, que fez Odete em 1988, desaprovava tamanha comoção. Em entrevista ao escritor Ziraldo no programa O Papo, a atriz afirmou que comemorar e especular sobre o assassinato da personagem era um sinal de que o país estava prestes a normalizar a pena de morte. “Isso é uma coisa muito séria. Não podemos aprovar isso. Temos que aprovar a lei, que a pessoa seja julgada, condenada e presa.”

Mas até segunda ordem Odete morreu mesmo. Nas redes sociais e na imprensa, porém, reclamam da cena —dizem que Manuela Dias fez um emaranhado de acontecimentos sem sentido e exagerado. Os suspeitos de matar a vilã, afinal, entram armados no hotel mais protegido do Rio de Janeiro sem dificuldade e saem de lá com tranquilidade.

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