17.5 C
Nova Iorque
quinta-feira, outubro 2, 2025
No menu items!

Buy now

spot_img
No menu items!

UE se une contra violações da Rússia, mas não chega a consenso sobre muro antidrones – 02/10/2025 – Mundo

Dois dias de debate na Dinamarca mostraram uma União Europeia unida contra a Rússia de Vladimir Putin, agora também tratado como violador do espaço aéreo do bloco econômico. Porém o consenso sobre um muro antidrones, uma das providências consideradas urgentes para atacar o problema, parece longe de ser alcançado.

Anfitriã do encontro, Mette Frederiksen afirmou nesta quinta-feira (2) que o presidente russo “está testando” os europeus e que “não vai parar até que seja forçado a isso”. A primeira-ministra foi além e disse que “esta guerra nunca foi somente sobre a Ucrânia“.

A retórica em tom forte tem justificativas. A Dinamarca lida desde a semana passada com uma crise provocada por incursões de aeronaves não tripuladas em seu espaço aéreo. Foram visados aeroportos, obrigados a fechar temporariamente, e instalações militares, a ponto de voos de drones civis terem sido banidos no último fim de semana.

As invasões tinham evidente tom provocativo. Copenhague, nos últimos dois dias, recebeu líderes de 47 países europeus, tendo a guerra da Ucrânia como pauta exclusiva.

Outro item relacionado à invasão russa, que caminha para completar quatro anos, é o destino de ativos congelados do país no sistema bancário europeu. Estima-se que mais de € 200 bilhões (R$ 1,24 trilhão) estejam na UE, a maior parte na Bélgica. “Não existe dinheiro de graça. Sempre há consequências”, declarou Bart De Wever, primeiro-ministro belga.

Ele alertava para o risco de usar os ativos como lastro de um empréstimo de € 140 bilhões (R$ 864,9 bilhões) para a Ucrânia, que só seria pago a partir da responsabilização da Rússia por gastos do conflito. Diferentemente da discussão sobre drones, tratados até com certo desdém por Moscou, a sugestão da manobra financeira fez o Kremlin reagir quase imediatamente.

Dmitri Peskov classificou a ideia como “roubo puro” e declarou que a Rússia perseguiria indivíduos e países que usurpassem o direito de propriedade dos ativos. Sugeriu também que a confiança no sistema bancário europeu seria arruinada. É a mesma preocupação expressa por De Wever.

“Expliquei aos meus colegas que quero que assinem um documento dizendo: ‘Se aceitarmos o dinheiro de Putin, vamos usá-lo e todos seremos responsáveis se algo der errado’.” A ideia tem fortes defensores, como Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Friedrich Merz, premiê alemão, que inclusive declarou aguardar uma decisão sobre o assunto para as próximas semanas.

Sobram opositores também. “Querem mutualizar a responsabilidade. De jeito nenhum”, declarou Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, um crítico aberto do esforço europeu contra Putin —provocado por um jornalista, declarou que o maior risco à Europa neste momento não é a Rússia, mas a estagnação econômica.

Se Orbán é ponto fora da curva, que refuta inclusive a adesão da Ucrânia à UE, a preocupação com as contas é um denominador comum. A questão é o que priorizar com o cobertor curto: muro antidrones, como defendem os escandinavos e as nações da região do Báltico, ou outras urgências, como lembram, por exemplo, Espanha e Itália.

Para Pedro Sánchez, premiê espanhol, a crise climática, motor do recorde de queimadas na península ibérica neste ano, “é um aspecto que precisa ser incluído neste debate sobre segurança”. Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália, declarou que era preciso lembrar que fronteiras existem também ao sul do continente e que “seria um erro olhar só para um lado”.

Petteri Orpo, da Finlândia, que possui 1.300 quilômetros de divisa com a Rússia, declarou “que é hora de demonstrar solidariedade com o norte e o leste europeus” e o que um novo sistema de defesa aérea era uma “medida inevitável” —no momento, a Europa está derrubando drones com armamento caríssimo feito para abater estruturas muito maiores.

Kaja Kallas, chefe da diplomacia europeia e ex-primeira-ministra da Estônia, na linha de frente da insidiosa ofensiva russa na região do mar Báltico, preferiu ir direto ao ponto: “Ou pagamos a conta com os ativos russos ou serão os contribuintes”.

E a conta é alta. Segundo a Comissão Europeia, o bloco precisa de € 800 bilhões (R$ 4,95 trilhões) para enfrentar uma eventual guerra contra a Rússia até o fim da década. O último fundo para gastos com defesa montado por Bruxelas foi de apenas € 150 bilhões (R$ 926,7 bilhões), dois terços consumidos por países-membros do leste.

Tudo isso à luz de uma participação americana no orçamento da Otan e no financiamento da defesa ucraniana que se esvai desde que Donald Trump voltou à Casa Branca.

“Está claro que somente ações conjuntas poderão garantir segurança real. Nenhum país deve ficar sozinho contra a ameaça russa”, declarou o maior interessado, Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia, no encerramento do encontro dinamarquês.

Quase na mesma hora, Putin dizia que a Europa vive uma “histeria militar”.

Related Articles

Stay Connected

0FansLike
0FollowersFollow
0SubscribersSubscribe
- Advertisement -spot_img

Latest Articles