Na semana do 76º aniversário da fundação da República Popular da China por Mao Tsé-Tung, o líder do regime chinês, Xi Jinping, reforçou a oposição à independência de Taiwan, atrelou o desenvolvimento do país à centralização do poder no Partido Comunista e destacou a necessidade de alinhar as religiões praticadas aos fundamentos da sigla.
No jantar de celebração na véspera do Dia Nacional, comemorado nesta quarta-feira (1º), Xi fez um forte alerta em relação à ilha vizinha, dizendo que Pequim deve se “opor resolutamente às atividades separatistas em prol da ‘independência de Taiwan’ e à interferência externa, e salvaguardar resolutamente a soberania e a integridade territorial da China”.
Os chineses têm subido o tom em relação a intervenções externas e discursos de independência à medida que as negociações das tarifas impostas por Donald Trump avançam. Para Pequim, a China continental e Taiwan são duas partes de uma só China.
Há chances de que o regime coloque na mesa a possibilidade de que os Estados Unidos deixem de apoiar o governo taiwanês, um tema considerado caro ao governo americano.
No discurso, Xi disse ainda que o país deve praticar o “verdadeiro multilateralismo”, contrapondo o que Pequim chama de “ações unilaterais” dos EUA no contexto da guerra comercial.
Dias antes, em reunião do birô político do comitê central, o Partido Comunista Chinês anunciou que a próxima sessão plenária do Politburo será de 20 a 23 de outubro. O principal ponto de discussão deve ser o plano quinquenal que valerá a partir de 2026.
As sessões plenárias são reuniões planejadas com todos os membros do comitê central nas quais são ratificadas diretrizes discutidas em reuniões menores e grupos de estudo.
As prioridades do próximo plano de cinco anos, segundo o anunciado na mídia estatal CCTV, estariam relacionadas ao desenvolvimento econômico e social sob a liderança centralizada do partido.
Segundo a emissora, a reunião “sublinhou que a defesa e o fortalecimento da liderança geral do partido é a garantia fundamental para o avanço da modernização chinesa”.
Na tarde de segunda (29), o birô político se reuniu em um grupo de estudos para discutir a chamada sinicização da religião na China, uma estratégia do partido para alinhar as crenças praticadas aos valores e à cultura do país e, principalmente, à autoridade da sigla.
Xi, que presidiu o encontro, afirmou que a história comprova que somente promovendo continuamente a sinicização no país é possível alcançar harmonia religiosa e social, unidade étnica e estabilidade a longo prazo.
Um dos exemplos da estratégia é o esforço feito pelo regime para que as mesquitas muçulmanas não tenham formatos tradicionais árabes, mas telhados que se relacionem com a arquitetura tradicional chinesa. Já igrejas cristãs são encorajadas a incorporar símbolos e slogans do partido e até ajustar hinos para reforçar a lealdade ao regime.
Na reunião, o líder afirmou ainda que orientar ativamente as religiões para se adaptar à sociedade socialista e as características chinesas é um requisito inerente.