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Governos Tarcísio e Lula voltam a disputar visibilidade – 01/10/2025 – Poder

A um ano da eleição, os governos Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Lula (PT) trocam farpas nos bastidores e voltam a disputar protagonismo em um caso de visibilidade política. Desta vez, com a crise do metanol, em que a intoxicação pela substância já causou cinco mortes em São Paulo e tem 22 em investigação.

O governo Lula anunciou a abertura de inquérito na Polícia Federal para apurar a suposta participação do crime organizado na adulteração de bebidas. Pouco depois, o governo Tarcísio realizou uma entrevista coletiva de imprensa em que negou envolvimento de organizações criminosas no caso.

Lula já anunciou ter interesse em disputar o quarto mandato, enquanto Tarcísio é cotado para reunir os votos da direita em candidatura com apoio de Jair Bolsonaro (PL).

Reservadamente, autoridades do governo federal se queixam da falta de alinhamento com os governos estadual e municipal em relação a medidas estratégicas que precisam ser tomadas daqui para frente, como em relação a futuras fiscalizações e a prevenção de novos casos.

Também avaliam que houve precipitação em dizer que não há envolvimento do crime organizado e justificaram a entrada federal devido à confirmação de mortes suspeitas em outros estados.

Integrantes do governo de São Paulo criticam o governo Lula ao lembrar que a fiscalização do envase é do Ministério da Agricultura. O federal, por sua vez, diz que a fiscalização da comercialização é do governo estadual.

A crise começou a ganhar fôlego no noticiário no final de semana e se tornou já na segunda-feira (29) uma preocupação geral. No mesmo dia, o governador foi alvo de críticas da oposição por estar em Brasília, visitando Bolsonaro, que está em prisão domiciliar.

Da parte da gestão Tarcísio, a queixa é de que não haveria motivo para a PF (Polícia Federal) estar no caso, que já estaria em apuração por parte do governo estadual.

Interlocutores dizem ainda que, em todos os casos de repercussão nacional, a administração petista busca entrar para tentar protagonismo, como na investigação do assassinato do delegado especializado na organização criminosa do PCC (Primeiro Comando da Capital), Ruy Ferraz.

A PF investiga quando há indício de que o crime tenha sido interestadual. E, neste episódio, há outros casos suspeitos, como as mortes em Pernambuco.

O ministro Ricardo Lewandowski disse em coletiva de imprensa na terça-feira (30) que “ao que tudo indica, [a rede de distribuição] transcende os limites de um único estado”, apesar de, no momento, as ocorrências estarem concentradas em São Paulo, ao justificar a competência da Polícia Federal.

O diretor da PF, Andrei Rodrigues, por sua vez, disse que o órgão vai investigar o caso pela superintendência de São Paulo e que as respostas virão em “um curto espaço de tempo”. Também disse que esse trabalho será feito junto com outros órgãos, como a Polícia Civil de São Paulo.

Ele também justificou a atuação da PF no caso afirmando que é possível conexões com investigações recentes do órgão em São Paulo e no Paraná sobre a cadeia de combustíveis, já que parte da importação de metanol passa pelo porto de Paranaguá. Ainda será investigado, segundo o diretor, a relação disso com o crime organizado.


Pessoas com informações do caso em São Paulo reforçam que não há indícios de participação da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). A principal tese hoje é de que o metanol era usado para lavar as embalagens, não misturado com a bebida, que era falsificada. E que a organização criminosa não teria envolvimento neste episódio.

Momentos depois da coletiva em Brasília na terça, Tarcísio de Freitas disse negou envolvimento do PCC. “Tudo o que acontece agora em São Paulo é PCC. Não tem evidência nenhuma de participação do crime organizado nisso”, afirmou Tarcísio.

A interlocutores, ele se queixou do fato que que nenhuma investigação apontou para o caso do metanol ter envolvimento de alguma quadrilha estruturada, com ação nacional e suporte financeiro, e que por isso ele relutou em falar em “crime organizado”.

A avaliação que ele compartilha é que os embates devem continuar à medida que o ano eleitoral se aproximar.

De lado a lado, a acusação é de tentativa de politizar o caso.

O manejamento desta crise e, principalmente, da apuração criminal é relevante tanto para Lula quanto para Tarcísio do ponto de vista eleitoral, porque tem um grande potencial de ganho político. Os casos tomaram proporção nacional, gerando medo na população.

Apesar da disputa no comando da investigação e da troca de farpas nos bastidores, equipes técnicas dos executivos federal e estadual estão se reunindo desde sexta-feira (27), quando surgiram os primeiros alertas de casos atípicos de intoxicação, para trocar informações sobre os casos concretos e como lidar com eles.

No começo da semana, por exemplo, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça, emitiu alerta aos Procons do país, com orientações para fornecedores e consumidores sobre a segurança da comercialização e do consumo das bebidas.

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) divulgou nota no domingo (28) afirmando que os casos de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica adulterada podem ter ligação com atividades da facção.

A associação disse que o metanol usado pelo PCC para adulterar combustível pode ter sido revendido a destilarias clandestinas após ações da operação Carbono Oculto contra um esquema da facção para lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.

O promotor Yuri Fisberg, do Ministério Público de São Paulo, também afirmou ser precoce a afirmação de que o metanol usado para batizar bebidas alcoólicas possa ser o mesmo importado ilegalmente por facções criminosas para adulterar combustíveis.

Até o momento, na operação Tank do Paraná, a PF só constatou concentração maior de etanol nas adulterações de amostras periciadas em postos de combustíveis. A questão do metanol ainda não apareceu nas investigações.

Ele disse que a ligação é possível, mas que ainda não há elementos concretos que comprovem relação direta entre os casos.

Em agosto, a Polícia Federal e o MP de SP fizeram operações simultâneas contra a atuação do crime organizado, como o PCC, na cadeia produtiva de combustíveis e no setor financeiro.

Na ocasião, os dois órgãos marcaram entrevistas coletivas para o mesmo horário sobre o tema, em mais um capítulo da disputa pela coordenação das investigações sobre o crime organizado no país.

Parte do esquema envolvia o desvio de metanol, encontrado em níveis de até 90% em alguns postos, quando o limite da ANP é de 0,5%.

Ainda não se sabe qual é a origem do metanol, nem como as garrafas foram contaminadas. A Polícia Civil investiga bares e adegas suspeitas, locais por onde passaram os pacientes intoxicados.

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