O papa Leão 14 criticou nesta terça-feira (30) o “tratamento desumano” dado a migrantes nos Estados Unidos. Ele apontou a contradição entre se declarar pró-vida e apoiar tais medidas, no que tem sido considerada sua crítica mais dura até agora às políticas migratórias do presidente Donald Trump. O primeiro papa americano respondia a uma pergunta de um jornalista sobre a política de seu país.
“Alguém que diz ‘sou contra o aborto’, mas concorda com o tratamento desumano de imigrantes nos Estados Unidos, eu não sei se isso é pró-vida“, disse o pontífice a jornalistas fora de sua residência em Castel Gandolfo.
A posição da Igreja Católica de que a vida é sagrada desde a concepção até a morte natural é um dos ensinamentos mais fortes da denominação, que conta 1,4 bilhão de fiéis.
A Casa Branca disse que Trump foi eleito com a plataforma de deportar imigrantes ilegais criminosos. “Ele está cumprindo sua promessa com o povo americano”, respondeu a porta-voz Abigail Jackson, em comunicado.
Escolhido em maio para substituir Francisco, Leão 14 tem exibido um estilo muito mais reservado do que seu predecessor, que criticava o governo Trump com frequência.
O papa foi questionado sobre a decisão da arquidiocese de Chicago de conceder um prêmio ao senador de Illinois Dick Durbin, um democrata que apoia direitos ao aborto. A iniciativa atraiu críticas de católicos conservadores, incluindo vários bispos americanos.
“É muito importante olhar para o conjunto do trabalho que o senador fez”, disse o papa. “Entendo a dificuldade e as tensões, mas penso, como já afirmei no passado, que é importante observar muitas questões que estão relacionadas ao que é o ensinamento da Igreja.”
“Alguém que diz ‘sou contra o aborto’ mas diz que é a favor da pena de morte não é realmente pró-vida“, afirmou o papa.
Por outro lado, o pontífice elogiou o plano de paz de Trump para Gaza e manifestou esperança de que o grupo terrorista Hamas o endosse.
A facção não participou das negociações que levaram à proposta, que exige que o grupo se desarme — demanda que já rejeitou em outras ocasiões. O grupo afirmou que analisará o plano de boa-fé e dará uma resposta. Nesta terça (29), o presidente americano disse dar “de 3 a 4 dias” de prazo.
Leão 14 também comentou a respeito da flotilha internacional que tenta levar ajuda humanitária a Gaza. “De todos os lados, as pessoas estão dizendo: ‘Esperemos que não haja violência, que as pessoas sejam respeitadas’. Isso é muito importante”, disse o papa.