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Não sei como aceitei, diz brasileira abusada por Epstein – 29/09/2025 – Mundo

A brasileira Marina Lacerda, 37, chamada de “vítima menor número um” nos documentos judiciais de acusação do suposto esquema de exploração e tráfico sexual de adolescentes comandado por Jeffrey Epstein, afirmou que foi atraída à mansão do financista para fazer massagens antes de ser estuprada e coagida a levar outras meninas.

Em entrevista ao Fantástico divulgada no último domingo (28), ela disse ter começado a ser abusada cerca de quatro meses após o primeiro encontro com Epstein, no começo dos anos 2000, quando tinha 14 anos, após o convite de uma amiga para o que seria um serviço de massagens.

Ao chegar à mansão do empresário em Manhattan, teria sido conduzida por uma funcionária a um quarto escuro e sem janelas. “Só uma cama e uma prateleira cheia de cremes super caros. Naquele tempo, eu pensei: ‘Gente, ele não está me tocando, ele não fez nada de errado”, afirma, sobre as primeiras sessões.

Alguns meses depois, porém, Epstein teria começado a avançar. “Começou tirando a blusa. Depois, o sutiã. Depois de tirar o sutiã, ele começava a se tocar, aí começou a me tocar. E foi evoluindo”, afirma. Os encontros chegaram a ocorrer de duas a três vezes por semana, segundo ela.

“Eu não sei como eu aceitei isso, mas eu aceitei”, diz. “Quando você já foi abusado sexualmente, eu acho que [você perde] a sensibilidade do que [é] certo e errado em termos de sexo.”

Marina, que chegou aos Estados Unidos ainda criança acompanhando a família, disse ao canal americano ABC há algumas semanas que cresceu em um “lar desestruturado” em Nova York. Ela conta ter sofrido bullying na escola e ter sido abusada sexualmente por um familiar por cerca de três anos durante a infância.

Segundo a reportagem do Fantástico, o homem foi preso, mas obteve liberdade condicional um tempo depois —o que a amedrontou, fazendo-a sair de casa para morar com um namorado. Foi nessa época que uma amiga lhe contou sobre a possibilidade de ganhar centenas de dólares em troca de massagens a um homem mais velho.

Em dado momento, segundo Marina, ela foi coagida por Epstein a fazer o mesmo com outra menina. “Você não tem amiga, não? Por que você não traz uma amiga sua?”, teria perguntado ele. Ao responder que tinha vergonha de contar a outras pessoas sobre os encontros, teria ouvido que, se não levasse uma amiga, talvez eles não se vissem mais.

Ela foi dispensada cerca de três anos depois. “Com 17, 18 anos, ele falou que eu estava ficando velha e que ele não tinha mais interesse em me ver”, afirmou.

Depois de algum tempo sem encontrá-lo, em 2008, o FBI procurou a brasileira em meio a uma investigação contra Epstein. Com medo —e hoje se diz frustrada por isso—, ela afirma ter ligado para o financista, que providenciou um advogado, e não ter recebido mais contatos da equipe policial.

Pouco mais de uma década depois, porém, em 2019, em uma nova rodada de investigação, o FBI chegou a Marina novamente. Ela prestou um depoimento que foi considerado pelas autoridades como crucial para a prisão do bilionário no mesmo ano.

O caso é considerado um dos maiores escândalos de exploração e tráfico sexual de menores dos EUA. Estima-se que Epstein, que se suicidou em 2019 na prisão enquanto aguardava julgamento, tenha traficado mais de mil adolescentes.

O caso ganhou notoriedade não apenas pela gravidade dos crimes, mas também pela associação de Epstein com figuras públicas e poderosas —como o ex-presidente Bill Clinton, o fundador da Microsoft, Bill Gates, o príncipe Andrew do Reino Unido, e com o atual presidente americano, Donald Trump.

Há anos o escândalo é uma obsessão de aliados radicais do republicano, que pedem a divulgação de uma suposta lista de clientes do empresário na esperança de que possíveis crimes cometidos por pessoas notórias sejam expostos.

Os rumores levaram até mesmo pessoas em cargos importantes do governo atualmente, como a secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, e o diretor do FBI, Kash Patel, a prometer a divulgação do suposto documento quando chegassem ao poder —o que não ocorreu, gerando indignação entre os apoiadores de Trump.

No começo de setembro, Marina falou publicamente pela primeira vez em frente ao Capitólio, em Washington, junto com outras mulheres abusadas por Epstein que pressionam o Congresso a aprovar uma legislação que obriga a divulgação de todos os registros não confidenciais do processo contra o financista.

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