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O Fundo Patrimonial da USP – 25/09/2025 – Djamila Ribeiro

Na última semana, conversamos sobre a Pinacoteca de São Paulo e de que forma organizamos o baile de 120 anos para levantar fundos e angariar mais patronos e patronas para o museu. Esse gesto fortalece uma instituição pública por meio de um fundo sustentado por pessoas amantes da arte, que se unem para garantir que ela siga se expandindo e cumprindo sua missão.

Quero retomar esse tema olhando para outra experiência inspiradora: o Fundo Patrimonial da USP. Como uma mulher entusiasta das instituições públicas, vejo com muito bons olhos a criação de fundos patrimoniais, pois se baseiam em uma forma inteligente e solidária de desenvolver mecanismos de sustentabilidade de longo prazo, mantendo nossas instituições públicas vivas, fortes e acessíveis à população.

É fundamental que o poder público –o governo do Estado de São Paulo, nos casos da Pinacoteca e da USP– siga apoiando essas instituições de excelência. Mas, como ocorre em tantos lugares do mundo, é igualmente importante que pessoas da iniciativa privada se organizem para contribuir, muitas vezes devolvendo o que receberam dessas instituições em sua formação acadêmica, profissional e humana.

Nesse sentido, o Fundo Patrimonial da USP segue o modelo dos “endowments” de grandes universidades internacionais, como Harvard e Yale. É um fundo privado e independente, formado por doações de pessoas físicas e jurídicas, cujo capital é preservado e investido, sendo apenas os rendimentos aplicados em benefício de estudantes e da universidade. É um caminho para garantir estabilidade financeira, apoiar projetos estratégicos e permitir que a USP planeje seu futuro com mais autonomia e ousadia.

Precisamos, enquanto sociedade, tratar a USP com muito carinho, pois ela é uma das melhores universidades do mundo –e queremos que permaneça sempre como esse polo de excelência, preservando sua capacidade de atrair pesquisadoras e pesquisadores de ponta, manter sua própria rede e investir nas gerações que virão.

Desde 2023, tenho a honra de integrar o Conselho do Fundo. Vim inspirada por pessoas como Marisa Monte, cantora e compositora, a empreendedora social Cristiane Sultani e meu amigo confrade Celso Lafer, entre outros e outras. Todos fazem parte do Fundo Patrimonial, ou ainda do Fundo USP Diversa, que se destina a estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O trabalho do conselho, do qual participam representantes da universidade e da sociedade civil, é voluntário e dedicado.

Na última semana, participei do jantar e leilão beneficente promovidos pela iniciativa, ocasião que também marcou a despedida de mandato do professor Hélio Nogueira da Cruz, que exerceu a presidência do conselho durante dois mandatos. Foi um privilégio aprender com ele nesses anos, e desejo muito sucesso em seus próximos projetos.

O jantar contou com a apresentação de músicos da Orquestra Sinfônica da USP e uma entrevista com duas alunas, Giovana e Letícia, contempladas pelo fundo e orgulhosas de poderem estudar na universidade.

No momento do leilão, fui a primeira a dar um lance no violão assinado por Marisa Monte, mas uma família patrona do fundo não deixou barato e levantou a mão duas vezes (eu ainda tentei cobrir), de modo que não pude acompanhar. Fiquei feliz por um resultado tão positivo de arrecadação, em um leilão realizado também de forma voluntária por parte do leiloeiro.

Carrego ainda a alegria de ter conhecido, por meio do fundo, o presidente do FPUSP, o querido professor doutor Moacir Miranda. Embora eu seja uma cria da Unifesp, onde me graduei e me tornei mestra em filosofia política, foi na USP que muitas dessas pontes se construíram. E é também lá que sigo aprendendo sobre a importância de alianças em prol da educação pública de excelência.

Assim como Moacir, algumas pessoas que conheci durante essa passagem pela USP ficarão na memória. Pessoas como Luciana Chalita e Fernanda Negrão, que trabalham diariamente para captar recursos para o fundo, e Eric Klug, que recentemente iniciou sua jornada como superintendente.

Conheci também doadores que decidiram transmitir ao fundo bens recebidos de herança, transformando patrimônios familiares em patrimônio coletivo –uma das demonstrações mais belas de compromisso com o futuro da universidade.

Por isso, a leitores e leitoras desta Folha –pessoas físicas e jurídicas disponíveis e interessadas– deixo aqui uma recomendação: apoiem o fundo. É um gesto que reverbera muito além da universidade, fortalecendo o conhecimento, a pesquisa e a formação de gerações.


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