A Ucrânia atacou pela primeira vez na história da guerra naval, usando modelos subaquáticos de drones Sea Baby, um submarino de Vladimir Putin num porto russo. Kiev disse ter incapacitado o modelo de cerca de R$ 2,5 bilhões, mas Moscou nega a extensão do dano.
Pelas imagens divulgadas pelo SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia, na sigla local), comentadas por blogueiros e analistas militares de ambos os lados, desta vez os ucranianos parecem estar certos.
Uma grande explosão atingiu um submarino da classe conhecida como Kilo no Ocidente no porto de Novorossisk, que tem sido um dos alvos prediletos da Ucrânia em solo russo devido à sua grande infraestrutura de exportação de petróleo e porque as principais embarcações da Frota do Mar Negro estão lá.
Elas ficavam em Sebastopol, na Crimeia anexada em 2014 por Putin, mas foram transferidas devido à alta exposição a mísseis e drones aéreos ucranianos. Em 2023, um submarino Kilo foi alvejado numa doca seca da cidade durante uma grande barragem.
A Frota do Mar Negro operava, antes da guerra, seis submarinos de propulsão diesel-elétrica desta classe. Com a provável perda anunciada nesta segunda-feira (15), tem agora quatro, já que traslados de e para o Mediterrâneo via os estreitos turcos estão proibidos para embarcações militares devido à guerra.
Cada embarcação do tipo pode lançar até quatro mísseis de cruzeiro Kalibr, um dos principais modelos empregados na Guerra da Ucrânia. Eles já entraram em ação, mas usualmente as armas são disparadas de pequenas corvetas adaptadas para seu uso, mais baratas de operar.
Segundo o porta-voz da frota russa, a informação ucraniana de que o submarino foi danificado a ponto de não poder navegar é falsa. “A tentativa do inimigo de praticar sabotagem não atingiu seus objetivos”, disse o capitão Alexei Ruliov.
A versão submarina do Sea Baby, drone que em forma de lancha-robô virou o pesadelo de petroleiros da chamada “frota fantasma” russa no mar Negro, nunca havia tido um sucesso deste tipo. Pela imagem divulgada por Kiev, ele passou incólume pela entrada do porto até chegar ao submarino.
A ação coincide com o momento de negociações diretas entre EUA e Ucrânia, na Alemanha, sobre a proposta de Donald Trump para acabar com a guerra iniciada por Putin em 2022. Nesta segunda, o presidente Volodimir Zelenski passou o dia em reuniões em Berlim, encerradas com um jantar entre com aliados e enviados do republicano.
Em conjunto com o quarto ataque com drones a instalações petrolíferas do mar Cáspio desde o fim da semana passada, algo que nunca tinha acontecido, a iniciativa busca mostrar disposição militar apesar da pressão em solo ucraniano.
É a lógica da guerra assimétrica de Zelenski há alguns meses, quando passou a alvejar a estrutura de produção de óleo e gás de Putin. Segundo sites de monitoramento de movimentação militar de lado a lado, a vingança russa pode estar a caminho, dada a mobilização de bombardeiros e ação em bases de mísseis balísticos.
O mar Negro voltou ao centro da ação militar nas últimas semanas, após relativa calma. Drones ucranianos atingiram petroleiros russos, e a retaliação de Moscou contra portos de Kiev resultou em danos a quatro navios turcos, gerando mais tensão regional.



