O secretário de Estado americano, Marco Rubio, entrou na polêmica política das fontes tipográficas na terça-feira (9), com uma ordem que suspende o uso oficial da fonte Calibri pelo Departamento de Estado, revertendo uma diretriz de 2023 do governo de Joe Biden que Rubio chamou de concessão “desperdiçadora” à diversidade.
Embora apresentada principalmente como uma questão de clareza e formalidade na apresentação, a diretriz de Rubio a todas as representações diplomáticas ao redor do mundo culpou os programas “radicais” de diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade pelo que ele considerou uma mudança equivocada e ineficaz da fonte serifada Times New Roman para a fonte sem serifa Calibri em documentos oficiais do departamento.
Em um memorando de “Solicitação de Ação” obtido pelo jornal The New York Times, Rubio afirmou que a volta ao uso da Times New Roman “restauraria o decoro e o profissionalismo aos documentos escritos do departamento”. A Calibri é “informal” quando comparada a fontes serifadas como a Times New Roman, diz a ordem, e “entra em conflito” com o papel timbrado oficial do departamento. Um funcionário do Departamento de Estado confirmou a autenticidade do documento.
A diretiva de Rubio, sob o título “Retorno à Tradição: Fonte Times New Roman de 14 pontos obrigatória para todos os documentos do Departamento”, representou a mais recente tentativa do governo Trump de eliminar resquícios de iniciativas de diversidade em todo o governo federal.
O então secretário de Estado Antony Blinken ordenou a mudança de fonte em 2023 por recomendação do escritório de diversidade e inclusão do Departamento de Estado, que Rubio posteriormente extinguiu. A mudança visava melhorar a acessibilidade para leitores com deficiências, como baixa visão e dislexia, e para pessoas que utilizam tecnologias assistivas, como leitores de tela.
A fonte Calibri, por vezes descrita como suave e moderna, é geralmente considerada mais acessível para pessoas com dificuldades de leitura graças às suas formas mais simples e espaçamento maior, que facilitam a distinção entre as letras. A medida de Blinken foi aplaudida por defensores da acessibilidade.
Mas a ordem de Rubio rejeitou os fundamentos para a mudança. A troca, admitiu ele, “não estava entre os exemplos mais ilegais, imorais, radicais ou dispendiosos de Deia (Diversidade, Equidade, Inclusão e Acessibilidade) do departamento”. Mas Rubio a considerou um fracasso segundo os próprios padrões do órgão, afirmando que os “casos de remediação de documentos com base na acessibilidade” não haviam diminuído.
“A mudança para Calibri não alcançou nada além da degradação da correspondência oficial do departamento”, disse Rubio. Ele observou que a Times New Roman havia sido a fonte oficial do departamento por quase 20 anos até a mudança de 2023. Antes de 2004, o Departamento de Estado usava a Courier New.
Ecoando o apelo do presidente Donald Trump por um estilo clássico na arquitetura federal, a ordem de Rubio citou as origens das fontes serifadas na Roma Antiga. Essas fontes, usadas pelo The New York Times, incluem pequenos traços nas extremidades dos caracteres.
Admiradores dizem que esses floreios tornam as letras mais elegantes e facilitam a distinção entre elas, embora também possam criar uma sensação de desordem.
As fontes serifadas são “geralmente percebidas como conotativas de tradição, formalidade e cerimônia”, afirmou a ordem de Rubio, acrescentando que elas eram usadas pela Casa Branca, pela Suprema Corte e por outras entidades governamentais estaduais e federais, bem como na inscrição lateral do Air Force One.
Muitos diplomatas estão insatisfeitos com as mudanças que Rubio fez na estrutura e na liderança do departamento e relataram uma queda acentuada na moral de seus membros. Mas a mudança para a Calibri, feita pelo governo Biden, provocou algumas reclamações de tradicionalistas que preferiam a Times New Roman. Blinken também mudou o tamanho padrão da fonte, de 14 para 15 pontos, exigindo mais toques no teclado, o que alguns diplomatas consideraram irritante.
