O ex-ministro da Economia de Cuba Alejandro Gil, 61, foi condenado em primeira instância à prisão perpétua por espionagem e por uma série de delitos econômicos, informou nesta segunda-feira (8) o Supremo Tribunal cubano.
A decisão, divulgada em comunicado, afirma que o ex-integrante do regime é responsável por “crimes de espionagem” e por “atos em prejuízo da atividade econômica”, sem especificar para qual país ou entidade ele teria atuado.
A corte também não divulgou detalhes sobre o conteúdo das acusações, mantendo o padrão de sigilo que marcou o processo desde que Gil foi denunciado, no início de novembro. Segundo o tribunal, o ex-ministro foi considerado culpado de suborno, furto, dano a documentos sob custódia oficial e infração continuada das normas de proteção de papéis sigilosos.
A corte afirma ainda que ele manipulou e destruiu documentos e que colocou essas informações “à disposição do inimigo”. Ainda segundo o comunicado, Gil se valeu dos poderes de sua função para obter benefícios pessoais, recebendo dinheiro de empresas estrangeiras e subornando funcionários para legalizar a aquisição de bens.
Além da condenação à prisão perpétua, Gil recebeu outra pena, de 20 anos de prisão, decorrente de um segundo processo no qual foi acusado de suborno, tráfico de influência e evasão fiscal. Ambos os julgamentos ocorreram em um tribunal no oeste de Havana e foram conduzidos em completo sigilo.
Gil, que comandou o Ministério da Economia de 2018 a 2024 e era visto como figura próxima ao líder cubano, Miguel Díaz-Canel, terá agora dez dias para recorrer das duas sentenças. No caso da pena de prisão perpétua, a legislação cubana prevê recurso automático, o que exige a realização de um novo julgamento.
O ex-ministro comandou, em 2021, uma das mais importantes e controversas reformas monetárias de Cuba. Essas políticas, entretanto, foram consideradas danosas para uma economia já debilitada. Ele foi demitido por Díaz-Canel em fevereiro de 2024 e, desde então, não aparecia em público, o que motivou especulações sobre seu paradeiro até o início dos julgamentos.
O caso é considerado o mais significativo envolvendo corrupção em Cuba desde 1989, quando o general Arnaldo Ochoa, figura histórica da Revolução Cubana de 1959, foi julgado e executado por tráfico de drogas.
Em Cuba, o crime de espionagem é punido com penas de prisão que variam de 10 a 30 anos, podendo chegar à prisão perpétua ou até à pena de morte. A agência de notícias Reuters não conseguiu contato com Gil ou com seus advogados.



