Bebê morre nos braços da mãe em Gaza; pesava menos do que quando nasceu

Mais de um ano e meio após o agravamento do conflito entre o Hamas e Israel, com o povo palestino sendo constantemente deslocado e atacado, as últimas semanas têm sido marcadas por alertas de organizações não governamentais e outras entidades sobre a fome que atinge milhões de pessoas.

Nesta semana, a organização Médicos Sem Fronteiras denunciou que uma em cada quatro crianças entre seis meses e cinco anos sofre de desnutrição na Faixa de Gaza.

Nos últimos dias, Muhammad Zakariya Ayyoub al-Matouq, uma criança de um ano e meio que pesa apenas seis quilos, tornou-se um dos rostos mais simbólicos da crise humanitária. Imagens da criança com a mãe estamparam capas de jornais, denunciando a situação crítica vivida na região.

Neste sábado, em meio a relatos crescentes de mortes de crianças, a agência de notícias Associated Press (AP) noticiou o falecimento de mais uma bebê: Zainab Abu Halib. Segundo a agência, a menina de cinco meses pesava menos do que ao nascer. A mãe contou que, ao nascer, Zainab pesava pouco mais de três quilos — e agora, pesava menos de dois.

Vídeo divulgado nas redes sociais expõe fila de crianças com panelas nas mãos, atrás de grades e arames, em busca de alimentos. A ONU alerta para o agravamento da fome e da desnutrição infantil em meio à guerra, com acesso restrito a comida, água e higiene básica

Notícias ao Minuto | 07:10 – 14/07/2025

De acordo com a AP, Zainab chegou sem vida à ala pediátrica do Hospital Nasser, em Gaza, na sexta-feira. Um médico relatou que o polegar dele era mais largo que o tornozelo da bebê.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, Zainab é uma das 85 crianças que morreram de desnutrição desde o início do conflito.

O pai da menina relatou à AP:

“Ela precisava de uma fórmula especial para bebê, que não existe em Gaza.”
A mãe explicou que, com apenas seis semanas de vida, a filha já precisava da fórmula.

“Com a morte da minha filha, muitas outras virão. Os nomes dessas crianças estão em listas que ninguém olha. São apenas nomes e números. Nós somos apenas números. Nossos filhos, que carregamos por nove meses e demos à luz com tanto amor, viraram apenas estatísticas.”
Ainda neste sábado, o exército israelense e os Emirados Árabes Unidos anunciaram a retomada dos lançamentos aéreos de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Segundo o comunicado, essa primeira operação aérea será realizada em coordenação com organizações internacionais, o Exército de Israel e o COGAT (o órgão israelense que administra assuntos civis nos territórios ocupados). Serão lançadas cerca de sete paletes com farinha, açúcar e alimentos enlatados.

As entregas aéreas serão acompanhadas por missões de assistência para garantir a entrada de comboios humanitários da ONU e até mesmo “pausas humanitárias” nas regiões de distribuição, de acordo com o Exército.

Já os Emirados Árabes Unidos anunciaram que retomarão “imediatamente” os lançamentos aéreos de ajuda sobre Gaza, citando a situação “crítica” enfrentada pela população do território palestino sitiado — onde Israel combate o movimento Hamas desde 2023, em meio a alertas cada vez mais graves de organizações humanitárias sobre o risco iminente de fome em massa.

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