As Forças Armadas da Alemanha estão traçando planos de operações médicas que têm como base estimativas de 1.000 soldados feridos por dia durante eventual conflito em larga escala da Otan com a Rússia.
Moscou rejeita quaisquer sugestões de que estaria se preparando para uma guerra com a aliança militar ocidental, mas as recentes incursões de jatos e drones russos em território da Otan aumentaram os temores de uma escalada.
O cirurgião-general da Forças Armandas da Alemanha, Ralf Hoffmann, afirma que o número de soldados feridos em um potencial conflito dependeria da intensidade da batalha e de quais unidades militares estivessem envolvidas.
“Falando de forma realista, estamos falando de uma cifra de cerca de 1.000 soldados feridos por dia”, diz ele em entrevista à agência Reuters.
Os militares europeus, incluindo suas forças médicas, intensificaram os preparativos para um potencial conflito com Moscou após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, o maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A Alemanha também está constantemente adaptando seu treinamento médico, incorporando lições da Guerra da Ucrânia.
“A natureza da guerra mudou drasticamente na Ucrânia”, disse Hoffmann, citando uma mudança de ferimentos por tiros para ferimentos por explosões e queimaduras causadas por drones e outros tipos de munições.
Soldados ucranianos descrevem a infestação de drones cobrindo um corredor de cerca de 10 km de cada lado da linha de frente como a “zona de morte”, porque veículos aéreos não tripulados, controlados remotamente e utilizados por ambos os lados do conflito, podem rapidamente localizar e neutralizar alvos.
“Os ucranianos frequentemente não conseguem evacuar seus feridos rápido o suficiente porque drones estão zumbindo por toda parte”, diz Hoffmann, enfatizando a necessidade de estabilização prolongada de soldados feridos, às vezes por horas, na linha de frente.
Hoffmann afirma que opções de transporte flexíveis são necessárias para soldados feridos, observando que a Ucrânia tem usado trens-hospitais. Por esse motivo, o Exército alemão está considerando trens e ônibus hospitalares e expandindo a retirada médica por via aérea, diz.
Os feridos receberiam tratamento inicial na linha de frente, antes de serem transportados de volta para a Alemanha para cuidados predominantemente em hospitais civis, segundo Hoffmann.
Ele estima a necessidade de aproximadamente 15 mil leitos hospitalares —da capacidade total de até 440 mil dos hospitais alemães.
O serviço médico do Exército alemão, com um efetivo de 15 mil soldados, seria expandido para atender às demandas futuras, afirma o cirurgião-general.
