Ahmed al-Ahmed, 43, foi classificado como “herói” após desarmar um dos atiradores durante o ataque terrorista na praia de Bondi, na Austrália. O vídeo do momento viralizou nas redes sociais e, do outro lado do mundo, na Síria, um grupo de homens que assistia às imagens reconheceu um rosto familiar.
Ahmed deixou sua cidade natal na província de Idlib, no noroeste da Síria, há quase 20 anos para buscar trabalho na Austrália. No domingo (14), ele ficou ferido após lutar para arrancar o fuzil de um dos homens que atirava contra o público de um evento de uma festividade judaica. O ataque matou 15 pessoas.
Seu tio, Mohammed al-Ahmed, o reconheceu em imagens que circulavam na internet. “Ficamos sabendo pelas redes sociais. Liguei para o pai dele, que me disse que era o Ahmed. Ele é um herói, temos orgulho dele. A Síria, de modo geral, tem orgulho dele”, disse o tio à Reuters.
A família é da cidade de Nayrab, que foi intensamente bombardeada durante os quase 14 anos de guerra na Síria, encerrada quando o ditador Bashar al-Assad foi deposto no ano passado.
Mohammed disse que o sobrinho deixou a Síria em 2006, após concluir a graduação na Universidade de Aleppo. Desde então, não voltou ao país. “Desde jovem, ele era valente e um herói”, afirmou o tio, descrevendo-o como uma pessoa alegre e cheia de energia.
“Ele agiu por impulso, sem pensar em quem eram as pessoas que estavam sendo mortas —sem saber a religião delas, se eram muçulmanas, cristãs ou judias. Foi isso que o fez se levantar e realizar esse ato heroico.”
Ahmed, que hoje tem cidadania australiana e duas filhas, permanece internado em um hospital de Sydney com ferimentos causados por tiros. Ele tem sido celebrado como herói em todo o mundo, inclusive pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Uma campanha no GoFundMe criada para ele havia arrecadado R$ 8,5 milhões até a tarde desta terça (16).
Na Síria, a casa da família Ahmed continua em ruínas. Pilhas de blocos de concreto destruídos cercam a carcaça de concreto da casa de dois andares, cujas paredes estão perfuradas por estilhaços.
“Essa é a casa do pai do Ahmed. Foi destruída durante a guerra por bombardeios, mísseis. Todo tipo de arma”, disse à Reuters um primo de Ahmed, que também se chama Mohammad al-Ahmed.
Ele afirmou que o primo “foi o motivo de muitas pessoas inocentes, que não tinham feito nada de errado, terem sido salvas”. “Ele vai provar ao mundo que os muçulmanos são pacificadores, não belicistas.”
