A missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Honduras constatou atrasos e “falta de perícia”, mas descartou indícios de fraudes nas eleições presidenciais realizadas em 30 de novembro.
O relatório foi apresentado ao Conselho Permanente da OEA nesta segunda-feira (15). Ao ler o documento diante dos membros da organização, o chefe da missão e ex-chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, afirmou que a demora das autoridades eleitorais em divulgar os resultados definitivos “não é justificável”.
Honduras completa nesta segunda duas semanas sem saber quem será seu próximo presidente. Com mais de 99% de votos apurados, o direitista Nasry Asfura, candidato do Partido Nacional apoiado por Trump, aparece à frente de seu rival do Partido Liberal, o centro-direitista Salvador Nasralla, com uma margem menor que dois pontos percentuais.
Aproximadamente 2.700 das atas —cerca de 15% do total— apresentam inconsistências que exigem revisão adicional, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Essas atas contêm votos suficientes para mudar o resultado da eleição, aumentando a tensão política.
A indefinição levou a protestos na capital, Tegucigalpa. As eleições foram marcadas por um processo caótico de divulgação de resultados e por ingerências do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O presidente americano ameaçou cortar a ajuda ao país se seu candidato não fosse eleito.
Na semana passada, uma comissão do Congresso de Honduras declarou que pretende rejeitar os resultados, sob o argumento de que houve “golpe eleitoral”, acusando Trump de interferência no pleito.
O chefe da missão da OEA pediu que o órgão eleitoral inicie “imediatamente o escrutínio especial e busque todas as vias possíveis para obter os resultados oficiais no menor tempo possível”. “A atual demora no processamento e na divulgação dos resultados não é justificável”, completou ele.
A missão mobilizou 101 observadores de 19 nacionalidades no dia da votação e acompanhou posteriormente a apuração no CNE. Segundo o relatório, os membros da força-tarefa “constataram atrasos na gestão do material eleitoral […] e uma acentuada falta de perícia no desenho, desenvolvimento e execução das soluções tecnológicas para o processamento dos resultados eleitorais, mas não observaram dolo nem manipulação evidente do material eleitoral ou dos sistemas informáticos”.
As ferramentas tecnológicas utilizadas para a contagem funcionaram de “forma deficiente”, afirma ainda o documento, acrescentando que isso “não implica, por si só, uma ação fraudulenta”.
O órgão eleitoral de Honduras tem até 30 de dezembro para declarar o vencedor, que então assumirá a Presidência em janeiro para o mandato de 2026 a 2030.
Membros do CNE culparam a empresa responsável pela plataforma de tabulação pela lentidão na contagem dos votos.



