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SBT News mira classe AB e ‘tomadores de decisão’ – 14/12/2025 – Ilustrada

O ex-ministro Fábio Faria, marido de Patrícia Abravanel, andava de um lado para o outro, sorrindo de orelha a orelha, no estúdio oito do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, em Osasco. Ia a passo rápido, o topete tremulando, para dar tempo de fazer a social com aquele tanto de gente importante que chegava de helicóptero. A pomada capilar devia ser das boas, e o penteado terminou a noite de sexta-feira intacto.

O evento de lançamento do SBT News, projeto do qual Faria é o maior entusiasta, conseguiu reunir um line-up de peso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), o ministro do STF Alexandre de Moraes, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), todos sentados na fileira da frente, ao lado do clã Abravanel, em frente ao palco onde depois discursaram.

O canal estreia na TV fechada, no YouTube e na plataforma +SBT na segunda (15), às 18h, prometendo mais de 20 horas de programação ao vivo.

Para além dos convidados, a diversidade de espectros políticos também se revelou entre os patrocinadores da empreitada. Estão desde a Havan de Luciano Hang à JBS dos irmãos Batista, além da EMS, Gerdau, Tim, Amil, BYD, BTG Pactual e Cedro.

Talvez nenhuma emissora encarne tanto o espírito mambembe do brasileiro quanto a fundada por Silvio Santos, entre slogans, marcas, frases de efeito e atrações —Jequiti, Baú da Felicidade, banheira do Gugu, “Roda a Roda” e o bordão “má ôe” são patrimônios guardados na memória afetiva.

Todas as autoridades que discursaram no palanque, de Lula a Nunes, fizeram alguma menção bem-humorada a algum programa de entretenimento da emissora, sem menções ao jornalismo do SBT —um setor da casa, aliás, marcado por polêmicas históricas.

Morto no ano passado e “ressuscitado” no evento com inteligência artificial, Silvio defendia que o noticiário deveria ser favorável ao governo —desde o período da ditadura à redemocratização. Numa polêmica há cinco anos, vetou uma edição do SBT Brasil, o principal do canal aberto, após o destaque a um vídeo vazado da infame reunião de Jair Bolsonaro, de quem era próximo, com seus ministros, em maio de 2020.

Mas todo esse conjunto, talvez o maior ativo da emissora, por outro lado, pode representar um obstáculo para o que o SBT News se propõe a ser —um sofisticado produto de prestígio entre as classes A e B.

Pessoas de dentro do novo canal afirmam, sob condição de anonimato, que estão mais que cientes desse desafio no campo simbólico e que o time de marketing está concentrado nesse desafio.

Nos “switchers” do SBT News, o monitoramento de audiência só terá olhos para a GloboNews e para a CNN, com quem o novo canal pretende disputar público. O foco, dizem, será todo voltado aos bastidores de Brasília e ao mercado financeiro.

Segundo essas fontes, o lançamento do canal jornalístico vem após o Grupo Silvio Santos entender que não chegava às classes A e B, muito menos ao chamado “triple A” —a camada mais ao topo da cadeia alimentar brasileira. E é com esse público, os tomadores de decisão, que o SBT News quer falar.

Sobre o desafio de acessar essa camada da população, a equipe diz que o conteúdo vai falar por si.

Para isso, Faria foi atrás de nomes tarimbados do jornalismo, conhecidos pela cobertura quente e por furos jornalísticos. Da sucursal de Brasília da Folha vieram cinco jornalistas, dentre os quais a diretora de Redação, Camila Mattoso.

Outra figura importante é Leandro Cipoloni, que foi um dos responsáveis pela criação da CNN Brasil, após passar anos na Record. Em frente às câmeras haverá jornalistas como Celso Freitas, Amanda Klein, Raquel Landim e comentaristas, como a médica Ludhmila Hajjar e o ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo.

Fábio Faria é filiado ao Progressistas. Líder de implantação do SBT News, além de genro de Silvio Santos, tem pedigree e currículo. Foi ministro das Comunicações do governo Jair Bolsonaro (PL) entre 2020 e 2022. Antes, foi deputado federal por quatro mandatos, tendo passado pelo PMN e pelo PSD, para então ir para o PP, em 2022. Ocupa ainda o cargo de gerente sênior de relacionamento do BTG Pactual há dois anos —o banco é um dos patrocinadores do canal.

Ele é filho de Robinson Faria, que foi governador do Rio Grande do Norte entre 2015 e 2019, então no PSD, mas que não se reelegeu. Hoje é deputado federal pelo PL.

“O jornalismo não pode apenas ser arma política”, disse Faria, no evento de sexta. “Espero que tenhamos muito bom senso, muito discernimento para que a gente possa ajudar no bom jornalismo.”

“O SBT não tem partido, o SBT não tem lado. Eu acho que a presença de todos vocês aqui hoje, de todas as autoridades aqui presentes, mostra muito o que é o SBT”, disse. “E o lado do SBT News vai ser o lado do SBT, que é o Brasil.”

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