A Tailândia anunciou neste sábado (13) que continuará as operações militares contra o Camboja, apesar de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado uma trégua nos confrontos fronteiriços entre os dois países horas antes.
Os mais recentes confrontos entre os vizinhos do sudeste asiático resultaram em cerca de 20 mortes e no deslocamento de mais de 500 mil pessoas em ambos os lados. Eles decorrem de uma longa disputa sobre a demarcação de sua fronteira de 800 km, estabelecida durante a era colonial. Ambos os lados se acusam mutuamente de alimentar o conflito.
“A Tailândia continuará realizando ações militares até que consideremos que não haja mais perigo ou ameaça ao nosso território e ao nosso povo”, declarou o primeiro-ministro Anutin Charnvirakul no Facebook.
“Nossas ações desta manhã falam por si mesmas”, acrescentou, enquanto as autoridades tailandesas confirmavam ataques de “retaliação” contra alvos cambojanos às 5h50, horário local, de sábado (19h50 de sexta-feira no horário de Brasília).
Segundo o porta-voz Chakkrit Thammavichai, aeronaves tailandesas “destruíram com sucesso” duas pontes no Camboja que, segundo ele, estavam sendo usadas para transportar armas para o campo de batalha. As aeronaves “usam armas de alta precisão para evitar ferir civis inocentes”, afirmou.
Enquanto isso, o Ministério da Defesa do Camboja informou anteriormente que “as Forças Armadas tailandesas usaram dois caças F-16 para lançar sete bombas” em seu território. De acordo com o Ministro da Informação, Neth Pheaktra, a Tailândia “expandiu seus ataques para incluir infraestrutura civil e civis cambojanos”.
O anúncio da continuação das hostilidades ocorre poucas horas depois de Trump ter anunciado, na sexta-feira, que ambos os países concordaram em suspender os confrontos, após conversas telefônicas com seus premiês.
“Tive uma conversa muito boa esta manhã com o primeiro-ministro da Tailândia, Anutin Charnvirakul, e o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, sobre o lamentável ressurgimento de sua guerra prolongada”, declarou o republicano na Truth Social.
Segundo o presidente dos EUA, Tailândia e Camboja “concordaram em cessar todos os disparos a partir desta noite e retornar ao acordo de paz original”, alcançado sob a mediação dele e da Malásia em julho. “Ambos os países estão prontos para a PAZ e para continuar negociando com os Estados Unidos”, acrescentou.
Após a ligação telefônica, o primeiro-ministro tailandês afirmou ser necessário “anunciar ao mundo inteiro que o Camboja respeitará o cessar-fogo”. “Quem violou o acordo deve resolver a situação, não quem sofreu as consequências”, acrescentou Anutin, que dissolveu o Parlamento tailandês na sexta, abrindo caminho para eleições gerais no início de 2026.
“O Camboja sempre esteve comprometido com meios pacíficos de resolução de disputas”, declarou o primeiro-ministro cambojano, Manet, no Facebook, neste sábado. Ele acrescentou que havia sugerido aos Estados Unidos e à Malásia que utilizassem seus recursos de inteligência “para verificar qual lado abriu fogo primeiro” em 7 de dezembro.
Os combates entraram em seu sétimo dia no sábado, dois dias a mais do que em julho, quando um episódio de violência deixou 43 mortos e forçou a evacuação de cerca de 300 mil pessoas.
Os Estados Unidos, a China e a Malásia negociaram um cessar-fogo naquele momento e, em outubro, Trump endossou uma declaração conjunta de um acordo de paz. No entanto, a Tailândia suspendeu o acordo no mês seguinte, depois que vários de seus soldados ficaram feridos por minas terrestres na fronteira.



