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A fala do presidente uruguaio, Yamandú Orsi, sobre a necessidade de “analisar o exemplo Bukele” marcou o primeiro ano de sua vitória eleitoral e expôs a mudança de tom do governo em relação ao tema que mais preocupa os uruguaios.
Ainda que depois tenha afirmado que o modelo salvadorenho é impossível de ser recplicado no Uruguai, a referência ao ultradireitista que constrói megaprisoes e suspende garantias constitucionais mostrou como até um governo de esquerda sente a pressão de responder a um eleitorado inquieto com a segurança.
O Uruguai continua distante dos índices de violência da região, mas vive uma percepção de piora da qualidade de vida, com aumento de furtos, maior circulação de drogas, presença mais visível de redes locais ligadas ao narcotráfico.
Orsi declarou que a esquerda não pode ter receio de discutir segurança e apresentou um plano nacional que deve entrar em vigor em 2026. Ele prevê cooperação com organismos multilaterais e foco simultâneo em repressão e prevenção.
Ao mesmo tempo, sua administração mantém continuidade nos grandes eixos macroeconômicos. O primeiro ano foi marcado pela aprovação de orçamento com ajuste fiscal gradual, desaceleração da atividade na segunda metade do ano e crescimento perto de 2%.
A inflação segue controlada dentro da meta do Banco Central, o emprego está em níveis historicamente baixos, e a economia ainda carece de novos motores de investimento e produtividade.
O balanço inicial aponta um governo que evita rupturas e avança com prudência, mas que, diante da centralidade da segurança no humor social, faz acenos a eleitores mais conservadores para não perder terreno.
MIRADA
Os habitantes das ilhas Malvinas (Falklands para os britânicos) irão às urnas nesta sexta renovar seu parlamento local. A cobertura sobre a eleição, trago nos próximos dias na Folha.
LATINAS
QUINTAL
Alguns textos interessantes foram publicados nos últimos dias sobre a ingerência de Donald Trump em assuntos da região. O primeiro, a entrevista publicada pelo site “La Silla Vacia” com o cientista politico Juan Tokatlian. Ele afirma que “em um ano, os EUA poderão ter alinhado todo o hemisferio” .
Já a World Politics Review publicou um artigo afirmando que não é improvável que Trump queira “realmente anexar ou conquistar partes da região“.
PAPA FRANCISCO
Acaba de sair pela editora Record no Brasil o livro “O Louco de Deus no Fim do Mundo”, livro no qual o espanhol Javier Cercas conta a viagem e as conversas que teve com o pontífice argentino em uma viagem à Mongólia em 2023. Cercas eh ateu, e sua busca no intercâmbio com o papa era entender melhor a morte e a vida eterna.
PRÊMIO
A escritora argentina Gabriela Cabezón Cámara acaba de vencer o National Book Award deste ano, com o livro “As Meninas do Laranjal”, que acaba de ser lancado no Brasil pela Companhia das Letras.
