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Roubo na Mário de Andrade, adulto de Pedro Bandeira e mais – 10/12/2025 – Ilustrada

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Um Nobel de Literatura é a coroação do trabalho de uma vida, mas a vida continua depois do prêmio. Sabendo disso, ao receber a medalha em 2023, o norueguês Jon Fosse não foi só tomado de alegria e realização, mas de alívio, pois seu trabalho mais custoso já estava escrito.

“Heptalogia”, livro que chega agora ao Brasil, é sua obra mais longa e ambiciosa —e que só poderia ter sido escrita antes da fama estrondosa que resulta do prêmio sueco. Como Fosse diz ao jornalista Guilherme Magalhães: “O que tenho vivido depois do Nobel são interrupções constantes”.

Acostumado a fazer da escuta parte primordial de seu processo de escrita, o autor agora recebe convites para dar entrevistas, palestras, simpósios. “É claro que recuso quase tudo. Mesmo assim, só para responder aos pedidos, gasto muito tempo”, ele contou em rara entrevista à Folha.

Se há realização com o Nobel, ela é ofuscada pelo descontentamento de Fosse pelo lado B do reconhecimento. Entre expectativas, cobranças e interrupções constantes, o norueguês diz se ver passar “de sujeito a objeto”.

Apesar das distrações, desde o prêmio o autor escreveu peças de teatro, uma novela e trabalha no primeiro romance de uma nova trilogia.


Acabou de Chegar

“O Polonês” (trad. José Rubens Siqueira, Companhia das Letras, R$ 79,90, 144 págs.) é a mais recente novela de J.M. Coetzee, autor sul-africano de 85 anos. A obra, segundo a crítica Ligia Gonçalvez Diniz, é um retrato delicado sobre velhice e morte. O protagonista é um pianista idoso que se apaixona por uma espanhola mais jovem. A relação entre os dois, mediada por línguas estrangeiras, traz uma reflexão sobre o que se perde e o que se ganha com a tradução.

“Central Europa” (trad. Daniel Pellizzari, Companhia das Letras, R$ 149,90, 768 págs.) é a primeira ficção do americano William T. Vollmann publicada no Brasil. É considerada a obra mais acessível de um autor de estilo ácido e temáticas complexas, tratando dos impactos dos regimes nazista e soviético. “É um ‘tour-de-force’ magnífico, em que personagens históricos têm suas vidas contadas ora com realismo calcado em minuciosa pesquisa, ora em ficção desabrida”, escreve o crítico Igor Gielow.

“Suttree” (trad. Daniel Galera, Alfaguara, R$ 119,90, 560 págs.) chega ao Brasil mais de 40 anos após sua publicação e acompanha Cornelius Suttree, homem que abandona a família rica para viver como um pescador entre pessoas desafortunadas. O romance do americano Cormac McCarthy faz do banal uma epopeia, de forma que lembra o “Ulysses” de James Joyce. Mas, como aponta a crítica de Gabriel Trigueiro, essa grandeza às vezes escorrega para o excesso e o nonsense.


E mais

Aos 83 anos e com 42 anos de carreira como escritor infantojuvenil, Pedro Bandeira prepara o lançamento de seu primeiro livro adulto para o próximo ano. O que coloca o novo livro nesta categoria é a inspiração no clássico “Dom Casmurro” de Machado de Assis. Na obra de Bandeira, o famoso detetive Sherlock Holmes se dedica a investigar se Capitu traiu Bentinho. A linguagem do autor, como destaca o Painel das Letras, segue simples como em seus outros livros.

Em dezembro de 1985, Níquel Náusea fazia suas primeiras aparições na Folha, onde se manteria como um personagem recorrente até os dias de hoje. Ao longo dessas quatro décadas, como explica a reportagem de Henrique Artuni, o personagem do cartunista Fernando Gonsales satiriza hábitos do mundo animal e humano em tom que passou de revoltado para pueril. O livro “Níquel Náusea: A Origem do Espécime” (Z Edições, R$ 70, 102 págs.) relembra a trajetória do rato que parodia o americano Mickey Mouse.


Libero Malavoglia, quadrinista e ilustrador veterano, lança a HQ “Aislam: O Príncipe & A Semente” (Z Edições, R$80, R$270), o primeiro volume de uma trilogia que mistura fantasia e filosofia. O autor combina linguagem cinematográfica a referências em quadrinhos como Moebius, Jack Kirby e Hugo Pratt para contar a história de um jovem encontrado por uma trupe circense e que guarda na memória mitos do mundo todo.


Além dos Livros

Dois homens armados invadiram a Biblioteca Mário de Andrade neste domingo (7) e roubaram oito gravuras de Matisse e cinco de Portinari que estavam em exposição. Os assaltantes renderam uma segurança e um casal de visitantes, retiraram as obras e fugiram em direção ao metrô Anhangabaú. As peças, consideradas raríssimas, tinham seguro e as imagens de segurança foram entregues à polícia. Um dos suspeitos foi preso.

Um estudo da Câmara Brasileira do Livro revelou que o mercado editorial tem cerca de 54 mil empresas, que empregam 70 mil pessoas. De 2024 para 2025, surgiram 3.000 novas empresas, enquanto o número de empregos se manteve estável. Segundo o levantamento, o setor do livro se concentra no Sudeste com forte presença de pequenos negócios.

A Flip 2026 acontecerá de 22 a 26 de julho. As datas foram anunciadas na última semana com mais de seis meses de antecedência, algo que ocorre pela primeira vez desde a pandemia e deve facilitar o planejamento de editoras e visitantes. A edição terá curadoria da crítica literária Rita Palmeira.

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