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Indígenas são excluídas na política latino-americana – 10/12/2025 – Latinoamérica21

As mulheres indígenas que alcançam o poder político na América Latina transgridem simultaneamente dois sistemas de dominação: o patriarcado, que nega autoridade às mulheres, e a ordem colonial-racial, que historicamente excluiu os povos indígenas de espaços de decisão estatal. Por isso, a violência política que enfrentam é qualitativamente diferente, sistemática e frequentemente invisibilizada.

Ainda que diversos países tenham criado marcos legais pioneiros —como a Lei 243 na Bolívia (2012), a reforma mexicana de 2020 e a tipificação equatoriana da violência política— a violência contra mulheres indígenas persiste e muitas vezes se intensifica. Um paradoxo central emerge: avanços normativos convivem com a ausência quase total de estatísticas que permitam identificar vítimas indígenas. Na análise de cinco países latino-americanos —Bolívia, México, Guatemala, Peru e Equador—, nenhum deles desagrega dados por etnia, produzindo uma invisibilidade estrutural que não é técnica, mas política.

Como argumenta a acadêmica americana Kimberlé Crenshaw, a falta de categorias interseccionais impede compreender violências específicas que ocorrem na confluência de múltiplos sistemas de opressão. O que não é medido não existe para as políticas públicas —e o que não existe oficialmente não recebe respostas institucionais.

As mulheres indígenas também enfrentam uma “dupla alienação política”: são vistas como “diferentes demais” para pertencer plenamente ao Estado e, simultaneamente, como “não legítimas o suficiente” para representar suas comunidades. Essa lógica expressa a colonialidade de gênero, que estruturou as categorias de “mulher” e “cidadã” a partir de parâmetros coloniais excludentes. Em vários contextos, a implementação da paridade gerou intensificação da violência, fenômeno descrito como “reação adversa” ou “resistência estrutural”.

A violência se manifesta de formas nem sempre capturadas pela lei: infantilização, exclusão de negociações consideradas complexas, reducionismo cultural, apagamento de autoria e questionamentos constantes sobre sua capacidade. A mídia reforça estereótipos ao enfatizar trajes ou origem em detrimento de ideias políticas. Acrescentam-se barreiras institucionais como ausência de intérpretes, distância física de tribunais e custos que recaem sobre mulheres com responsabilidades de cuidado.

O resultado é uma democracia incompleta. Apesar das leis e do aumento de candidaturas, a violência persiste, adaptando-se e expulsando muitas mulheres da vida política. Algumas resistem a um custo pessoal alto; outras desistem, cansadas de enfrentar simultaneamente instituições, partidos, comunidades e mídia. A questão central é se podemos nos considerar democracias enquanto mulheres indígenas continuam enfrentando violência sistemática e impune ao tentar exercer direitos formalmente garantidos. Enquanto essa contradição se mantiver, a inclusão será apenas formal, nunca material. #NãoSemMulheresIndígenas


Tradução automática revisada por Isabel Lima


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