O governo da Dinamarca anunciou nesta quarta-feira (10) que pagará uma indenização de U$$ 47 mil (cerca de R$ 256 mil) para mulheres da Groenlândia que tenham sido vítimas de uma campanha de contracepção forçada que se estendeu até 1992 com o objetivo de reduzir a taxa de natalidade da população inuíte do território.
No final de setembro, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, pediu desculpas em Nuuk, capital da Groenlândia, pelo programa. De 1960 até 1992, as autoridades dinamarquesas obrigaram milhares de mulheres indígenas em idade fértil na Groenlândia a utilizar um dispositivo intrauterino de contracepção —sem o seu consentimento ou o da sua família.
Pelo menos 4.500 adolescentes e adultas foram afetadas,. Muitas delas ficaram estéreis e sofreram problemas físicos e psicológicos. Um grupo de 150 mulheres processou o reino da Dinamarca por violar os seus direitos.
A campanha “teve graves consequências para as mulheres da Groenlândia, que sofreram sequelas físicas e psicológicas”, disse a ministra da Saúde, Sophie Lohde, em um comunicado.
Em setembro, Frederiksen anunciou a criação de um “fundo de reconciliação” para indenizar as vítimas e outras pessoas que sofreram discriminação com base em sua origem. Na época, porém, o governo ainda não havia anunciado o valor.
Para receber a indenização, as vítimas devem apresentar um “relato verossímil” além de uma declaração juramentada afirmando que foram submetidas a alguma forma de contracepção “às escondidas ou sem o seu consentimento”, declarou o mais recente anúncio do governo.
O programa entrará em vigor em 1º de junho de 2026.
O território ártico, hoje alvo de bravatas e da ambição expansionista do presidente americano, Donald Trump, foi uma colônia dinamarquesa até 1953 e somente em 1979 tornou-se uma jurisdição com autonomia. As autoridades locais, no entanto, assumiram o controle do sistema de saúde apenas em 1992.



