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Honduras: Presidente fala em ‘adulteração’ na eleição – 09/12/2025 – Mundo

Em disputa à Presidência controversa e conturbada, com acusações de fraudes e de ingerência externa, a presidente de Honduras, Xiomara Castro, ecoou nesta terça-feira (9) as declarações sobre a existência de uma “adulteração dos resultados” e condenou o que chamou de interferência do seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, que apoia o candidato conservador Nasry Asfura, da oposição.

As declarações, as mais duras de Xiomara desde que os hondurenhos foram às urnas, no último dia 30, ocorreram após nove dias de apuração lenta, marcada por falhas técnicas e denúncias de fraude feitas por diferentes setores políticos. Ampliam, portanto, a crise eleitoral no país.

Com 99,40% das urnas apuradas, Asfura, 67, ex-prefeito da capital hondurenha, Tegucigalpa, e respaldado por Trump, liderava a disputa com 40,5% dos votos. Ele aparecia pouco mais de um ponto percentual à frente do também opositor Salvador Nasralla, 72, apresentador de televisão e candidato do centrista Partido Liberal, que somava 39,2%. A governista Rixi Moncada, do Libre, estava em terceiro, com 19,29%.

A disputa permanecia indefinida porque 14,5% das folhas de apuração apresentaram inconsistências e seriam revisadas em uma contagem especial. Esse conjunto pode incluir centenas de milhares de votos capazes de alterar a tendência atual, segundo especialistas. Os resultados continuam preliminares, e o Conselho Nacional Eleitoral tem até 30 de dezembro para declarar o vencedor.

Com sua correligionária distante de seus adversários, Xiomara Castro afirmou num ato na cidade de Catacamas que o processo eleitoral foi marcado por “ameaças, coação, manipulação do sistema de resultados preliminares e adulteração da vontade popular”.

Para ela, essas ações configuram um “golpe eleitoral em curso”, que será denunciado em instâncias internacionais, caso da ONU, União Europeia e Organização dos Estados Americanos. A presidente também criticou Trump, acusando-o de ameaçar os hondurenhos durante a campanha para impedir votos em Moncada, a candidata do seu partido.

A tensão pós-eleitoral revive lembranças de 2017, quando protestos contra suposta fraude resultaram em cerca de 30 mortes. Embora a votação do dia 30 tenha transcorrido de forma pacífica, segundo observadores, a divulgação dos resultados tem sido caótica, alimentando suspeitas e o sentimento de frustração. Autoridades atribuem a lentidão à empresa responsável pela plataforma de apuração.

A crise eleitoral se agravou após declarações de ambos os lados. Asfura e Nasralla reivindicam vitória com base em suas próprias contagens. O partido governista Libre convocou protestos e pede a anulação da eleição, denunciando o que chama de golpe supostamente articulado por Trump e aliados.

Washington afirmou estar monitorando de perto o processo e prometeu responder rapidamente a qualquer irregularidade. Dias antes da votação, Trump pediu votos para Asfura, atacou seus adversários e concedeu indulto ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, condenado a 45 anos de prisão por associação ao narcotráfico.

Após o Conselho Nacional Eleitoral de Honduras interromper a divulgação de dados no dia 1º, o presidente americano ameaçou “consequências graves” para o país, sugerindo que havia risco de fraude, sem apresentar provas. Nesse mesmo dia, ele determinou a soltura de Hernández, do mesmo partido de Asfura.

A decisão irritou políticos governistas de Honduras, e autoridades do país emitiram na segunda (8) novo mandado de prisão internacional para Hernández, que serviu como presidente de 2014 a 2022. Nesta terça, o advogado dele, Renato Stabile, classificou o pedido como uma tentativa “desesperada e vergonhosa” da esquerda hondurenha para “manter-se no poder”.

Nasralla, ex-aliado de Xiomara, também falou, na segunda, ter havido um roubo a favor de Asfura. Durante a disputa, teve de rejeitar o rótulo de “quase comunista” dado por Trump. Asfura, por sua vez, disse que só se pronunciará após o anúncio oficial do vencedor.

Além de decidir a Presidência, o pleito definiu os 128 membros do Congresso unicameral e milhares de cargos locais.

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