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Zelenski volta a negar perda territorial em plano de Trump – 08/12/2025 – Mundo

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, voltou a rejeitar nesta segunda-feira (8) concessões territoriais à Rússia para fechar um acordo de paz com o país que invadiu o seu em 2022. “Nós não temos o direito de dar nada. É sobre isso que estamos lutando”, disse.

A declaração foi dada em Londres, onde mais uma vez os líderes dos três principais apoiadores de Kiev, Reino Unido, França e Alemanha, se reuniram com o presidente para discutir a iniciativa do americano Donald Trump.

Nesta terça (9), disse Zelenski, uma nova proposta será devolvida para Washington, com 20 pontos que ele não detalhou —exceto pela rejeição de quaisquer perdas territoriais. Hoje, Vladimir Putin controla quase 20% da Ucrânia, incluindo aí as áreas que já dominava desde 2014 por meio de separatistas no leste do país e a Crimeia.

O esforço de Trump é a terceira tentativa do americano de ao menos chegar a um cessar-fogo, mas os obstáculos são quase intransponíveis. A primeira versão do texto havia sido escrita por negociadores russo e americano, e era quase toda pró-Moscou, ainda que Putin não a reconhecesse a paternidade.

Zelenski estremeceu e pediu apoio de seus parceiros europeus, levando a uma nova conversa. Emergiu dela uma versão mais equilibrada e que jogava para a frente, segundo os relatos disponíveis, questões espinhosas como o reconhecimento de territórios hoje nas mãos russas e a neutralidade militar de Kiev.

Na semana passada, foi a vez de os enviados de Trump, inclusive seu genro Jared Kushner, irem ao Kremlin para ouvir as negativas de Moscou à iniciativa e, conforme a Folha mostrou, endurecer ainda mais sua posição.

A nova realidade foi discutida ao longo do fim de semana por negociadores dos EUA e da Ucrânia em Miami, sem grandes avanços. Ela foi debatida por Zelenski com os premiês Keir Starmer, o anfitrião em Londres, e Friedrich Merz, cuja Alemanha tem tentado um papel de proeminência no debate. Compareceu também o presidente francês, Emmanuel Macron.

Apesar do apoio nas palavras, eles não entregaram a Zelenski a notícia que ele queria ouvir: a de que os R$ 1,3 trilhão em reservas russas imobilizadas por sanções na Europa, quase tudo na Bélgica, seriam liberados para lastrear um empréstimo para Kiev —o dinheiro seria usado como reparação pela invasão.

O valor bancaria despesas do governo e gastos militares por dois anos, segundo o plano proposto pela Comissão Europeia, mas está sofrendo objeções não só do Kremlin, que o equivale a roubo, mas também da própria Bélgica, que teme ficar expostas a processos legais.

Além disso, em caso de um acordo de paz que normalize a relação da Rússia com o sistema financeiro internacional, como quer Putin, as garantias poderiam ter de acabar sendo pagas pelos países-membros da UE (União Europeia), e aí muitos não querem o risco.

O plano será discutido pelos líderes do bloco continental nos dias 18 e 19 de dezembro, visando ao menos agir sobre uma parte das reservas identificadas. O valor poderá também ser usado para um fundo de reconstrução do país.

Segundo Starmer, o importante é “alcançar um cessar-fogo justo e permanente”. O temor básico dos europeus é que Trump force a mão em favor dos termos de Moscou, enquanto o continente tem poucos recursos, apesar de Macron afirmar que “ainda temos várias cartas na mão”.

“O espírito dos americanos, em princípio, é o de achar uma acomodação. Claro, há questões complexas relacionadas a território, e ainda não se chegou a um consenso sobre isso”, afirmou Zelenski, descrevendo as conversas do fim de semana. Ele depois foi a Bruxelas encontrar-se com autoridades da UE e da Otan, a aliança militar ocidental.

Parece bastante difícil o ucraniano manter a inflexibilidade se não quiser ver a guerra continuar. Putin está em um momento de avanços militares, os mais acelerados desde o primeiro ano do conflito. Não está perto de vencê-la, como defende a linha-dura à sua volta, mas está com um cenário favorável. Nesta segunda, mais duas vilas no leste ucraniano foram tomadas por forças russas.

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