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Um ano após queda de Assad, Síria ainda busca estabilidade – 08/12/2025 – Mundo

Os sírios marcam nesta segunda-feira (8) o primeiro aniversário da derrubada de Bashar al-Assad e de seu regime de mão de ferro, enquanto a nação fragmentada tenta encontrar estabilidade e se recuperar após anos de guerra.

Comemorações ocorreriam na praça Umayyad, no centro de Damasco, e em outras partes do país. Também eram esperados desfiles militares.

Assad fugiu da Síria rumo à Rússia há um ano, quando rebeldes comandados pelo novo líder sírio, Ahmed al-Sharaa, tomaram Damasco e encerraram seu regime, após mais de 13 anos de uma guerra que começou como um levante popular.

Sharaa marcou a data participando da oração do amanhecer na mesquita Umayyad, em Damasco, segundo a agência estatal Sana. Ele vestia uniforme militar semelhante ao que usou durante a campanha rebelde vitoriosa, liderada por seu grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham, informou a agência.

Sharaa prometeu construir uma Síria justa e forte. “Do norte ao sul e do leste ao oeste, se Deus quiser, reconstruiremos uma Síria com uma estrutura digna de seu presente e de seu passado”, afirmou, segundo a Sana.

SÍRIOS SÃO INCENTIVADOS A IR ÀS RUAS EM SINAL DE UNIDADE

Um dos ex-comandantes da rede terrorista Al Qaeda, Sharaa implementou mudanças profundas que remodelaram as relações exteriores da Síria. Ele estreitou laços com os Estados Unidos, conquistou o apoio de Estados árabes do Golfo e da Turquia e se afastou dos antigos aliados de Assad, Irã e Rússia. Grande parte das sanções ocidentais foi suspensa.

Sharaa prometeu substituir o brutal Estado policial de Assad por uma ordem inclusiva e justa. A vice-enviada especial das Nações Unidas para a Síria, Najat Rochdi, afirmou que a queda de Assad representou “a primeira chance real, em gerações, de remodelar o futuro do país”.

Em Aleppo, a primeira grande cidade a ser tomada pelas forças de Sharaa no ano passado, carros percorriam as ruas buzinando, enquanto passageiros agitavam a nova bandeira síria.

“Passamos a amar o país. Antes não amávamos, tentávamos fugir dele”, disse Mohammed Karam Hammami, morador de Aleppo.

No pós-Assad, porém, centenas de pessoas foram mortas em episódios de violência sectária, provocando novos deslocamentos e alimentando a desconfiança de minorias em relação ao governo de Sharaa, que ainda luta para restabelecer a autoridade de Damasco em todo o território.

A administração liderada pelos curdos, que controla o nordeste, proibiu eventos públicos por motivos de segurança, citando aumento na atividade de “células terroristas” que buscariam explorar a data. Ainda assim, divulgou uma mensagem de congratulações aos sírios pelo aniversário.

A administração curda busca preservar sua autonomia regional, enquanto no sul alguns drusos —integrantes de uma minoria religiosa derivada do Islã— vêm exigindo independência na província de Sweida, após centenas de mortes em confrontos violentos com forças governamentais em julho.

MAIS QUATRO ANOS DE TRANSIÇÃO ANTES DAS ELEIÇÕES

Sharaa afirmou, em fórum no Qatar no fim de semana, que “a Síria hoje vive seus melhores tempos”, apesar dos episódios de violência, e disse que os responsáveis serão responsabilizados.

Ele declarou que o período de transição sob sua liderança continuará por mais quatro anos, para a criação de instituições, leis e uma nova Constituição, que será submetida a referendo popular. Só depois disso o país deve realizar eleições.

Sharaa detém amplos poderes sob uma Constituição temporária aprovada em março. As autoridades organizaram em outubro uma votação indireta para formar um Parlamento, mas Sharaa ainda precisa nomear um terço dos 210 membros, conforme previsto no texto constitucional.

A guerra civil na Síria matou centenas de milhares de pessoas e deslocou milhões desde 2011, levando cerca de 5 milhões a buscar refúgio em países vizinhos. A queda do regime da família Assad — integrante da minoria alauíta e no poder havia 54 anos, com Bashar e antes com seu pai, Hafez — e o fim dos combates abriram caminho para o retorno gradual da população ao país.

Segundo a agência da ONU para refugiados, cerca de 1,2 milhão de refugiados e 1,9 milhão de deslocados internos já voltaram desde então. A entidade, porém, alerta que a redução do financiamento internacional pode desencorajar novos regressos. O presidente do Banco Central sírio afirmou que a volta de aproximadamente 1,5 milhão de refugiados tem contribuído para impulsionar a economia.

No entanto, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirma que as necessidades humanitárias continuam graves, com 16,5 milhões de pessoas necessitando de assistência em 2025.

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