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Obras roubadas de Matisse e Portinari valem R$ 4,5 milhões – 08/12/2025 – Plástico

O valor total das obras roubadas da Biblioteca Mário de Andrade neste domingo, em São Paulo, pode chegar a R$ 4,5 milhões. As oito gravuras de Henri Matisse, da célebre série “Jazz”, da década de 1940, e as cinco do modernista Candido Portinari, ilustrações do livro “Menino de Engenho”, de José Lins do Rego, publicadas no fim da década de 1950, valeriam cada uma cerca de R$ 500 mil, no caso do artista francês, e R$ 100 mil cada uma, no caso do brasileiro, de acordo com especialistas do mercado de arte.

Isso não significa que os dois homens que entraram armados na biblioteca no centro paulistano possam vender os trabalhos por esses valores na esquina mais próxima —afinal, são peças reconhecidíssimas vinda de um roubo que não sai do noticiário.

Outro ponto é que são mutilações de um conjunto de peças, o que dilacera qualquer valor de mercado. “Jazz”, por exemplo, é uma série de 20 gravuras criadas a partir de recortes de papel colorido por um debilitado Matisse no auge da Segunda Guerra, quando se refugiou da ocupação nazista no sul da França. É como se tivessem roubado uma cena de um filme, uma faixa de um disco —é o conjunto que vale, por ser a obra uma grande alegoria da exuberância da vida frente à barbárie, não peças avulsas sem nexo.

Existe uma terceira questão. Matisse, em vida, autorizou a publicação de 50 exemplares do conjunto de 20 imagens. Seus herdeiros depois fizeram edições póstumas do conjunto, de cem e depois 250 exemplares. Os trabalhos roubados da Biblioteca Mário de Andrade integravam essa edição maior, ou seja, menos valiosa, pelas regras do mercado de arte, em que a escassez de uma obra, sua aura, enfim, determina o valor.

O álbum completo da tiragem original de 50, por exemplo, já teve edições leiloadas por 1,1 milhão, ou cerca de R$ 6 milhões, na Sotheby’s, em Nova York, há dez anos. Uma das cópias da tiragem póstuma, de 250 exemplares, chegou a ser vendida em leilão na Bolsa de Arte, em São Paulo, por US$ 200 mil, ou R$ 1,1 milhão, na cotação atual do dólar.

Não é, porém, uma conta de balcão de açougue, em que o quilo do filé vale o quilo do filé —uma obra esquartejada não é o mesmo que o boi, muito menos esquartejada e roubada exibida em horário nobre na televisão.

O lado positivo para os ladrões é que, ao contrário de uma obra única, gravuras são muito mais difíceis de rastrear no emaranhado do mercado, já que são reproduções de uma mesma obra, não uma pintura ou desenho que tem só uma versão, a original. Um comprador mal-intencionado, que não se importe com a procedência criminosa da peça, poderia se interessar.

Em todo caso, apesar de roubos como este ou mesmo o das joias do Museu do Louvre, em Paris, há dois meses, o mercado de arte, por mais opaco que seja, tem mecanismos para evitar a venda ilegal de trabalhos, uma espécie de Interpol da arte. Por outro lado, quem se aventurar a comprar por qualquer valor que seja o faria por pura vaidade, já que a obra roubada não tem qualquer liquidez no mercado formal, ou seja, jamais poderia ser leiloada por muitas vezes o seu valor no futuro.


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