Em tempos de Black Friday, uma galeria de arte decidiu assumir que obras também são mercadoria, como se ninguém soubesse. No fim da semana que vem, a Gomide&Co, na avenida Paulista, inaugura uma mostra do artista Marcelo Cipis com 450 pinturas à venda, todas pelo preço promocional de R$ 3.999 —o valor de uma peça do artista nessas dimensões costuma ser R$ 12 mil, de acordo com o galerista dono do espaço.
Thiago Gomide, um dos maiores nomes do mercado do país, vem fazendo reflexões sobre o estado do setor, que atravessa um momento de grande turbulência, com faturamentos em queda ao longo dos últimos anos.
Mas há alguma luz. No rastro de um dos maiores recordes já registrados em leilões, a venda de uma tela de Gustav Klimt por US$ 236 milhões, ou R$ 1,2 bilhão, nesta semana em Nova York e às vésperas da feira Art Basel Miami Beach, nos Estados Unidos, ele conta já ter vendido 80 telas de Cipis.
Os valores, é claro, não se comparam, mas é sua nova mostra serve também de comentário irônico sobre uma indústria que cresceu de modo vertiginoso, turbinado por um modelo de negócios de pouca transparência e muita ostentação. A ver o saldo da grande liquidação que entra em cartaz.
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