Após meses de desgaste e resistência, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cedeu à pressão da base do Partido Republicano e liberou os arquivos da investigação sobre o suposto esquema de tráfico sexual operado por Jeffrey Epstein.
Trump assinou nesta quarta-feira (19) a lei aprovada de forma quase unânime pelo Congresso na terça (18) ordenando que o Departamento de Justiça publique todos os documentos não sigilosos sobre a investigação. Ele tinha dez dias para sancionar ou vetar o texto.
A legislação determina que o departamento tem 30 dias após a sanção para tornar público o material em formato buscável e possÃvel de ser baixado na internet.
Há um parágrafo no texto que explicita que nenhuma parte do material deve ter sua divulgação impedida em razão de “constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade polÃtica”.
Por outro lado, no parágrafo em que a lei lista as razões pela qual parte dos documentos pode ser tarjada, há um item possibilitando a censura temporária de material que possa “comprometer uma investigação federal ativa ou processo judicial em andamento”.
Além de Trump, outras figuras conhecidas da polÃtica americana são citadas nos papéis —como o ex-presidente Bill Clinton, contra quem Trump ordenou a abertura de uma investigação com base no caso, além de outros nomes ligados ao partido, caso do ex-reitor de Harvard e ex-secretário do Tesouro Larry Summers.
Ainda não se sabe, portanto, quando os arquivos ficarão de fato disponÃveis ao público ou mesmo se sua divulgação ajudará a responder definitivamente perguntas ainda sem resposta no caso —por exemplo, se Trump sabia dos supostos abusos sexuais contra menores de idade ou até mesmo se teria feito parte deles.
Câmara e Senado, controlados pelo Partido Republicano, avalizaram o texto em poucas horas na terça, demonstrando como o caso capturou o universo polÃtico americano nos últimos meses e se tornou uma prioridade para os dois partidos —o Democrata, que busca aumentar o desgaste de Trump, e o Republicano, que tenta enterrar o assunto com a divulgação dos documentos.
O lÃder da maioria no Senado, o republicano John Thune, permitiu que o lÃder da minoria, o democrata Chuck Schumer, manobrasse para aprovar a lei por consenso —isto é, Schumer propôs que a Casa enviasse a medida de maneira automática à sanção presidencial a menos que algum senador levantasse objeções. Nenhum republicano o fez.
O partido governista, porém, só passou a apoiar a lei depois que Trump mudou subitamente de estratégia. Após resistir à liberação por meses e ameaçar republicanos que a apoiavam no Congresso, o presidente passou a defender a medida. Segundo analistas, isso poderia ser uma aposta de que as revelações mais graves já vieram à tona —isto é, as mensagens de Epstein dizendo que Trump “sabia sobre as garotas” e que ele teria passado horas com uma das vÃtimas.
Ao mesmo tempo, Trump estava sob imensa pressão da sua base, para quem o caso é obsessão há tempos, e pode ter reconhecido que era politicamente impossÃvel continuar a se opor à divulgação dos documentos.
Na noite de terça, Trump publicou em sua rede social, a Truth Social, que não se importava com a aprovação da lei. “Só não quero que os republicanos esqueçam de todas as vitórias que tivemos”, escreveu o presidente, citando seu pacote orçamentário, “fronteiras fechadas”, cortes de impostos e “ser respeitado por todos os paÃses no mundo”, entre outros.



