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Nova York: Participação de eleitores dispara com Mamdani – 05/11/2025 – Mundo

Houve uma época na cidade de Nova York em que praticamente todos os adultos votavam na eleição para prefeito. Em 1957, quando Robert F. Wagner venceu por ampla margem, o jornal americano The New York Times relatou que 91% dos eleitores registrados tinham comparecido às urnas e observou: “A participação normal é de 95% dos registrados.”

Esse tempo já passou. Nas últimas quatro eleições para prefeito, menos de um terço dos eleitores se deu ao trabalho de votar. No último pleito, em 2021, a participação foi de 23%, um mínimo histórico. Mas a disputa deste ano, na qual os eleitores escolheram Zohran Mamdani em vez do ex-governador Andrew Cuomo e de Curtis Sliwa, foi como um retorno ao passado.

Mais de 2 milhões de nova-iorquinos já tinham votado antes mesmo do fechamento das urnas, na primeira vez que esse número foi superado desde 1969, quando John Lindsay foi reeleito.

(Também existem diferenças significativas entre 1957 e hoje; naquela época, os eleitores precisavam se registrar todos os anos; agora esse registro é permanente e há eleitores que não votam há anos.)

Por que a participação dos eleitores caiu tão de forma tão drástica nas últimas décadas, e por que aumentou este ano? Muitos fatores estão em jogo: alguns locais, alguns nacionais, e alguns relacionados ao simples fato de quem estava concorrendo. Leia mais abaixo sobre alguns deles:

O declínio da ‘política de clubes’

Décadas atrás, as máquinas políticas governavam Nova York. “Nos velhos tempos, todos os distritos da Assembleia tinham clubes políticos”, disse John Mollenkopf, diretor do Centro de Pesquisa Urbana da Universidade da Cidade de Nova York. “Esses clubes mantinham uma vigilância muito cuidadosa sobre quem era um eleitor registrado e mobilizavam as pessoas.”

Susan Lerner, diretora executiva da Common Cause New York, um grupo apartidário que atua em defesa da boa governança, disse que, ao longo do tempo, houve “uma atrofia da organização popular tradicional”.

Pense em correspondências, mensagens de texto indesejadas e ligações automáticas, em vez de pessoas se reunindo para conversar sobre o que o governo local está ou não fazendo por elas.

O declínio nas notícias locais e mudança da cobertura para disputas nacionais

O número de jornais (ou sites de notícias) amplamente lidos em Nova York diminuiu.

“Se você tem seis ou oito jornais diários competindo por histórias locais, então o impacto das políticas em nível municipal vai ser muito mais palpável e compreensível para o público em geral, e você, como eleitor, vai opinar sobre as questões”, disse Lerner.

Centenas de jornais fecharam nas últimas duas décadas. E os poucos veículos de comunicação que restaram deixaram de cobrir a política local, optando por se concentrar na política nacional, nas eleições presidenciais e nas eleições de meio de mandato para o Congresso.

“A mensagem que o eleitor médio está recebendo disso é que devemos nos preocupar muito mais com o que está acontecendo em Washington do que com o que acontece em nossas comunidades, que terá um efeito muito maior em nossas vidas diárias.”

O resultado, acrescentou ela, é “confusão e falta de informação entre as pessoas comuns sobre o que o governo municipal faz e por que isso deveria ser importante para elas”.

A mudança demográfica de Nova York

Nova York, frequentemente chamada de cidade de imigrantes, certamente o é agora: cerca de um terço da população da cidade nasceu no exterior.

Diferentes grupos de imigrantes tendem a se envolver na política local em diferentes graus. O professor Mollenkopf disse que, na década de 1950, os imigrantes da Europa e seus descendentes “tinham sido ‘americanizados’ pela Segunda Guerra Mundial” e estavam assimilados ao sistema político.

Os imigrantes asiáticos na cidade, em particular, tendem a ficar mais à margem, alimentando uma espécie de ciclo vicioso negativo, acrescentou Mollenkopf. Mas, nos últimos anos, os nova-iorquinos de origem asiática expandiram seu envolvimento político e, com isso, obtiveram maior representatividade.

Em 2021, cinco americanos de origem asiática foram eleitos para o Conselho Municipal, incluindo os primeiros membros de origem indiana e coreana, e a primeira mulher muçulmana, uma americana de origem bengali. A presença de Mamdani, cujos pais são da Índia, na disputa pela Prefeitura, galvanizou as comunidades sul-asiáticas da cidade.

Os próprios confrontos eleitorais

Nas últimas três eleições, em que a participação foi a mais baixa, a vitória do candidato democrata era praticamente certa, já que o número de eleitores democratas registrados na cidade supera o de republicanos em uma proporção de aproximadamente seis para um. A disputa deste ano contou com um candidato democrata estreante, Mamdani, contra um governador democrata outrora popular, Cuomo, e um republicano, Sliwa, com um perfil bastante conhecido na cidade.

“Desde Bloomberg, os republicanos não indicaram ninguém que tenha sido realmente competitivo em nível municipal”, disse Mollenkopf, referindo-se ao prefeito Michael R. Bloomberg, que cumpriu três mandatos, “e a competição gera participação eleitoral”.

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