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Governo busca deputados para recompor base e mira 2026 – 23/10/2025 – Poder

O governo Lula (PT) começou a procurar parlamentares para recompor sua base no Congresso Nacional, após a demissão de aliados políticos de deputados que votaram contra a MP (medida provisória) do aumento de impostos.

A estratégia é que isso seja usado para atender aos aliados que apoiarem o Executivo em votações prioritárias até o fim do ano.

O rearranjo também busca privilegiar políticos que sinalizarem que deverão caminhar com Lula em 2026. O presidente afirmou de forma categórica nesta quarta-feira (22) que disputará a reeleição, para buscar um quarto mandato.

Desde o último dia 10, o governo passou a demitir indicados políticos de deputados que votaram contra a MP, numa resposta aos integrantes da base governista que não têm seguido as orientações do Palácio do Planalto.

A equipe da ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) está mapeando os cargos vagos e procurando lideranças da Câmara dos Deputados para indicar os substitutos. Dois aliados da ministra dizem que integrantes do Planalto também foram procurados por parlamentares, numa tentativa de reaproximação com o Executivo após a demissão de seus apadrinhados.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), vem sendo escutado nesse processo e participará dessa recomposição, assim como líderes de partidos da Câmara. Uma reunião entre Motta e Gleisi ocorreu nesta quarta-feira (22) para tratar do assunto. Também esteve presente o líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (RJ).

Segundo interlocutores de Motta, o presidente da Câmara tem atuado como articulador junto às bancadas do PP e do União Brasil desde que os presidentes das duas siglas romperam com o governo federal.

Aliados de Lula dizem que Motta será figura importante nesse processo de recomposição dos cargos, mas negam que haverá uma terceirização da construção dessa base aliada, indicando que o núcleo da articulação política dará a palavra final para quem será contemplado com esses postos.

O objetivo é evitar o que ocorreu com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que distribuiu cargos até para o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro para manter uma rede própria de apoiadores —não necessariamente fiéis a Lula.

Além disso, a ideia é que o governo tenha mapeado cada uma das indicações para cobrar fidelidade dos aliados nas principais votações até o final deste ano. Esse movimento é considerado como uma nova oportunidade para o Executivo atrair deputados que até então não estavam contemplados com indicações, de acordo com aliados do petista.

Governistas também dizem que essa reacomodação dos cargos poderá ajudar a distensionar o clima de insatisfação dos deputados com o governo, sobretudo pelo que classificam como uma baixa execução orçamentária das verbas com apadrinhamento político. Parlamentares se queixam do ritmo de pagamento das emendas parlamentares ao Orçamento, principalmente às vésperas do ano eleitoral.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou à Folha que a gestão petista demorou para retaliar os deputados infiéis e que as exonerações de cargos ligados a deputados que votaram contra a MP são uma “assepsia” que veio tarde.

Um integrante da cúpula da Casa diz que essa reacomodação de cargos não será fácil. Ele afirma que o Planalto precisa dos votos do centrão para aprovar matérias de interesse e cobra que o Executivo dê sinalizações de mudança de postura nesse novo momento para atrair os deputados.

Por outro lado, esse congressista reconhece que há uma disposição ao diálogo, até mesmo dos deputados que perderam suas indicações políticas ou que vinham se afastando do Executivo. Isso porque a melhoria na avaliação da gestão petista fez com que políticos do centrão admitissem desacelerar o movimento de desembarque do governo, para aguardar um período mais próximo da eleição.

Um cardeal do centrão avalia que o governo terá mais facilidade de recompor sua base hoje por meio do pagamento das emendas parlamentares do que com cargos estaduais.

Um aliado de Lula no Congresso afirma que o governo deverá fazer uma força-tarefa para agilizar a liberação das emendas até o final desta semana, tendo em vista a necessidade do Executivo aprovar as propostas alternativas à MP do aumento de impostos ainda em outubro.

Deputados que estão a par das conversas dizem que essa recomposição da base ocorrerá a conta-gotas até o final do ano, concomitantemente às votações de interesse do Executivo, especialmente pautas do chamado pacote eleitoral, como a que cria o Gás do Povo.

Um líder do centrão diz que há uma desconfiança do grupo com os interesses do governo com esse movimento. Ele afirma que não há clareza se de fato o Executivo quer recompor sua base ou se está usando esse momento para aumentar o tensionamento com o centrão, mirando já o processo eleitoral —e cita como exemplo o discurso “nós contra eles”, que gerou desgastes aos parlamentares junto à opinião pública.

Ele diz que é preciso separar a busca pela governabilidade no Congresso e as eleições de 2026, e que o governo errará se tratar tudo num mesmo pacote. Isso porque partidos do centrão que estão formalmente na Esplanada petista já sinalizaram que devem ter candidaturas próprias no próximo ano.

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