O prefeito democrata de Nova York, Eric Adams, declarou apoio ao ex-governador Andrew Cuomo na disputa pela Prefeitura da cidade, nesta quinta-feira (23), deixando de lado meses de troca de críticas entre os dois com o intuito de tentar frear a candidatura do democrata Zohran Mamdani, líder nas pesquisas.
Adams encerrou sua campanha de reeleição no mês passado depois que ficou claro que ele não venceria o pleito, marcado para novembro. Ele atacou Cuomo por pressioná-lo a deixar a corrida, chamando-o de “uma cobra e um mentiroso”.
Mas Cuomo e Adams claramente pareciam ter consertado as relações na noite desta quarta-feira (22), quando se sentaram juntos à beira da quadra na abertura da temporada do New York Knicks, o time de basquete da cidade —Cuomo, que concorre como independente, correu para o Madison Square Garden vindo do Queens após o último debate da disputa.
Adams disse nesta quinta-feira que faria campanha com Cuomo nos bairros onde o prefeito é mais popular, e incentivaria as pessoas a votarem no ex-governador.
“Acho que é imperativo realmente despertar as comunidades negras e pardas que sofreram com a gentrificação sobre a importância desta corrida”, disse Adams.
“Eles viram seus aluguéis aumentarem em termos de gentrificação e foram desconsiderados nesses bairros. Eu vou a essas vizinhanças e converso diretamente com organizadores e grupos e vou caminhar com o governador nesses bairros para engajá-los.”
Adams tem sido crítico de Mamdani, que bateu Cuomo nas primárias democratas para o pleito. Ele afirmou, contudo, que sua motivação decorre menos de sua antipatia pelo candidato e mais de seu interesse em proteger a cidade de Nova York.
Não há certeza sobre a capacidade do apoio do prefeito para impulsionar de forma significante a campanha de Cuomo —ou mesmo se isso poderia se tornar um tiro no pé do candidato independente. Adams bate recordes de desaprovação após enfrentar acusações federais de corrupção que foram posteriormente arquivadas pelo governo Trump.
Cuomo subiu nas pesquisas em 10 pontos percentuais após o prefeito deixar a corrida, o que sugere que ele canaliza o apoio da maioria dos apoiadores de Adams. Mesmo assim, a distância de Cuomo para Mamdani, um membro do Legislativo estadual e identificado com a ala mais à esquerda do partido democrata, ainda na casa de dois dígitos.
Adams diz se preocupar com as ideias de Mamdani, que julga que podem ser muito extremas, apontando, como exemplo, para plano do líder das pesquisas de dissolver o “grupo de resposta estratégica” do Departamento de Polícia, que é frequentemente usado para responder a protestos.
“Eu me candidatei com a promessa de tornar nossa cidade segura”, disse Adams, listando em seguida uma série de críticas a Mamdani, incluindo a recusa de Mamdani, que é muçulmano, de condenar o slogan “globalize a intifida” em um podcast no início do ano.
Mamdani mudou sua posição sobre a frase, que alguns veem como um chamado à violência contra judeus. Mais tarde, após o podcast em questão, Mamdani disse que não era seu trabalho policiar a linguagem de outras pessoas. Agora ele diz que desencorajaria as pessoas a usar o slogan.
Mamdani não estava disponível para comentar quando buscado pelo New York Times.
Adams e Cuomo são ambos democratas moderados que compartilham posições semelhantes pró-negócios e pediram a contratação de mais policiais. Eles também têm bases eleitorais semelhantes que incluíram eleitores negros e eleitores judeus ultraortodoxos.
Os dois eram amigos e aliados políticos até Cuomo entrar na corrida em março, aproveitando a súbita vulnerabilidade do prefeito. Adams frequentemente criticou o histórico de Cuomo como governador. Adams também guerreou com a ala esquerda de seu partido e vê Mamdani como uma ameaça ao seu legado.
Cuomo, que está tentando conquistar eleitores moderados e conservadores nas últimas semanas da corrida, elogiou Adams e disse que esperava que o prefeito estivesse “em paz com sua decisão” de sair da corrida.
“Tanto o prefeito quanto eu somos democratas, e vemos Mamdani como uma ameaça existencial”, disse Cuomo em uma entrevista à emissora NY1. “Uma pessoa perigosamente inexperiente que poderia prejudicar esta cidade.”
Com a votação antecipada começando no sábado (25), Cuomo tem tempo limitado para alterar a tendência eleitoral que dá vitória a Mamdani. O ex-governador e seus aliados aumentaram a pressão sobre Curtis Sliwa, o candidato republicano, para desistir, mas ele repetidamente recusou.
Cuomo afirmou durante o debate desta quarta que receberia com prazer um apoio de Adams; Mamdani e Sliwa disseram que recusariam. Adams e Cuomo logo foram vistos apertando as mãos, sorrindo e fazendo sinais de positivo no jogo dos Knicks.
Dois aliados-chave do prefeito também apoiaram recentemente Cuomo: Frank Carone, um dos principais conselheiros de Adams, e Randy Mastro, o primeiro vice-prefeito.
Sliwa, que tem o apoio de cerca de 15% dos eleitores, deixou claro no debate final o que pensava de Adams. “Coloquem esse criminoso na cadeia, onde é o lugar dele”, disse Sliwa.