Os jornalistas Andrzej Poczobut, da Belarus, e Mzia Amaghlobeli, da Geórgia, venceram a edição deste ano do Prêmio Sakharov, a maior distinção em direitos humanos da União Europeia, anunciou o bloco nesta quarta-feira (22).
“Os dois jornalistas estão atualmente presos sob acusações forjadas simplesmente por fazerem seu trabalho e se manifestaram contra a injustiça”, afirmou a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, ao divulgar a premiação. “A coragem deles os tornou símbolos da luta pela liberdade e pela democracia.”
Metsola afirmou ainda que o Parlamento Europeu exige a libertação dos dois profissionais.
Correspondente do jornal Gazeta Wyborcza, Poczobut pertence a uma minoria polonesa na Belarus e é conhecido por suas críticas ao regime de Aleksandr Lukachenko, no poder há mais de 30 anos. O jornalista foi preso em 2021 e posteriormente condenado a oito anos de prisão por “ameaçar a segurança nacional da Belarus”.
Já Amaghlobeli fundou dois veículos de comunicação independentes na Geórgia. Em agosto deste ano, ela foi condenada a dois anos de prisão por supostamente ter agredido um policial durante um protesto contra o governo, tornando-se a primeira mulher presa política desde a independência do país, em 1991. Ativistas de direitos humanos denunciam o caso como uma tentativa de restringir a liberdade de imprensa.
A distinção concedida pelo Parlamento Europeu é uma homenagem a quem fez contribuições excepcionais à defesa dos direitos humanos ou ao livre-pensamento. O prêmio foi batizado em homenagem ao físico e dissidente político soviético Andrei Sakharov.
Atribuído pelo Parlamento Europeu a indivíduos ou organizações todos os anos desde 1988, o prêmio visa reconhecer o trabalho em prol da defesa dos direitos humanos e dos direitos fundamentais, em particular a liberdade de expressão, a salvaguarda dos direitos das minorias, o respeito pelo direito internacional, o desenvolvimento da democracia e a defesa do Estado de direito.
Entre os agraciados no passado estão o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e o líder oposicionista Alexei Navalni, morto no início de 2024. No ano passado, o prêmio foi entregue aos líderes oposicionistas venezuelanos María Corina Machado e Edmundo González Urrutia pelos esforços de ambos para restaurar a democracia no país da América Latina.