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Veja quem financia a Otan, enquanto Trump pressiona Europa – 21/10/2025 – Mundo

Os Estados Unidos, país com as forças armadas mais bem financiadas do mundo, estão pressionando outros membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a pagarem mais pela defesa comum.

A resiliência e a determinação da aliança transatlântica estão especialmente em foco agora, após uma série de incursões de drones na Europa que alguns analistas descrevem como uma campanha “híbrida” da Rússia contra o Ocidente.

O presidente Donald Trump está pressionando outros membros da aliança a pagarem mais por sua própria defesa, argumentando que os EUA estão “pagando por quase 100% da Otan.

Embora o orçamento militar dos EUA seja maior que o de outros membros da Otan, a afirmação de Trump não é verdadeira. Alguns membros da aliança, especialmente os países nórdicos e do leste europeu que fazem fronteira com a Rússia, estão agora pagando mais em relação ao seu tamanho do que os EUA, ou estarão em breve.

A Otan é uma aliança militar e política criada para promover a defesa coletiva —principalmente contra a União Soviética— em 1949. De 12 membros originais, o grupo agora conta com 32, com a Finlândia se juntando em 2023 e, em seguida, a Suécia em 2024, após a invasão total da Ucrânia pela Rússia.

A guerra serviu como um alerta para a Otan —assim como alguns avisos bastante transacionais de Trump. Desde o início de seu primeiro mandato em 2017, o presidente dos EUA tem pressionado os parceiros americanos na Otan a pagarem mais. Durante a campanha eleitoral para sua reeleição em 2024, Trump disse: “Se você não pagar suas contas, não terá proteção. É muito simples” e, para os países que não pagassem, ele os “incentivaria [a Rússia] a fazer o que bem entendessem”.

Os membros da Otan entraram em ação e aumentaram seus gastos militares —ou prometeram fazê-lo.

Em uma cúpula em junho, eles concordaram em dedicar 5% de sua produção econômica aos gastos com defesa até 2035. Nenhum deles —incluindo os EUA— está fazendo isso até o momento.

Quem paga o quê?

A Otan tem seus próprios orçamentos de financiamento comum para cobrir operações civis; um orçamento militar para financiar comandos conjuntos; e um “programa de investimento em segurança”.

O orçamento para tudo isso no ano atual é de aproximadamente € 4,6 bilhões (R$ 28,7 bilhões). Os EUA costumavam pagar cerca de 22% do orçamento da Otan. Trump negociou um corte nas contribuições americanas em 2019. Atualmente, os EUA e a Alemanha pagam cerca de 16% cada.

Mas aqui está um número muito mais relevante: US$ 1,59 trilhão (R$ 8,57 trilhões). Esse é o valor que os países da Otan gastarão em defesa em 2025, de acordo com os orçamentos dos países da aliança. É disso que Trump está falando quando exige que os parceiros da Otan “PAGUEM”.

Em uma aliança comprometida com a defesa coletiva, onde um ataque a um membro é um ataque a todos, qualquer elo fraco aumenta o fardo sobre os outros membros.

O orçamento de defesa dos EUA vale cerca de US$ 980 bilhões (R$ 5,2 trilhões), de acordo com a Otan, superando todos os outros. Os EUA dominam os gastos totais da Otan. Em 2025, eles representam mais de 60% de todas as despesas. Mas, em termos per capita, os EUA são menos discrepantes, com a Noruega liderando o grupo. E como parcela do PIB, os EUA se tornam ainda menos notáveis, com base nos gastos deste ano.

Andrew MacDonald, que analisa gastos militares para a Janes, revista de inteligência de defesa, expressa isso de forma contundente. “Os EUA ainda gastam mais do que os oito maiores orçamentos de defesa do mundo, incluindo China e Rússia. Também gastam significativamente mais do que todos os outros estados-membros da Otan juntos.”

Colocando os gastos em perspectiva

Então, Trump tem justificativa para dizer que os países da Otan não estão fazendo a sua parte?

Os EUA gastam o equivalente a cerca de 3,5% do seu PIB com suas forças armadas. Mas o comprometimento dos EUA com a Otan é consideravelmente menor do que seus gastos totais com defesa, considerando seus destacamentos militares ao redor do mundo, do Oriente Médio ao Mar da China Meridional.

O status de grande potência de Washington significa que comparar seu orçamento de defesa ao de, digamos, Finlândia ou Polônia —países focados principalmente em se defender da Rússia— não é uma comparação equivalente.

As discussões entre os EUA e a Europa sobre “divisão de responsabilidades” são quase tão antigas quanto a Otan. O então secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, alertou em 2011 sobre “um futuro sombrio para a aliança transatlântica” se a Europa não contribuísse mais: “Futuros líderes políticos dos EUA —aqueles para quem a Guerra Fria não foi a experiência formativa que foi para mim— podem não considerar que o retorno do investimento americano na Otan valha o custo.”

A guerra da Rússia contra a Ucrânia levou os países europeus a reestruturar suas indústrias de defesa e a encontrar mais recursos para financiar seus exércitos. Quando a Rússia iniciou a primeira fase de sua guerra em 2014, apenas três países, incluindo os EUA, gastavam mais de 2% do PIB com suas forças armadas. Este ano, todos eles gastarão.

Para dar uma ideia de quão existencial é a ameaça de uma incursão russa para os Estados da linha de frente, a Lituânia e outros países vêm montando barricadas antitanque de concreto, chamadas de “dentes de dragão”:

Entre Putin e Trump, os membros europeus da Otan tiveram um grande alerta. Fenella McGerty, pesquisadora sênior de economia da defesa no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, afirma o seguinte: “Estamos observando um crescimento significativo nos gastos europeus com defesa em 2025. Em termos reais, o crescimento atingirá quase 13% este ano, igualando efetivamente o aumento recorde observado em 2024”.

Vários países, liderados pela Polônia, agora gastam mais do que os EUA para seu tamanho. A Alemanha e a Suécia relaxaram este ano seus rígidos tetos de dívida pública para que pudessem aumentar os gastos com defesa. O então chanceler alemão, Olaf Scholz, descreveu o que está acontecendo como Zeitenwende, ou ponto de virada histórico.

A Espanha é o único membro da Otan a se recusar a aderir à nova meta de 5%. Isso apesar de Trump a ameaçar com tarifas punitivas e até mesmo com a exclusão da aliança.

Vale lembrar que a meta de 5% é, na verdade, 3,5%. Dessa porcentagem, os membros da Otan podem destinar até 1,5% à “infraestrutura crítica”. Esta é uma oportunidade para os países construírem projetos como estradas, ferrovias e pontes, que podem ser vistos como parte da autodefesa, mas que os críticos descartam como um desperdício.

Especialistas em defesa acreditam que a França, e especialmente o Reino Unido, terão dificuldades para atingir a meta de 2035 devido a seus problemas fiscais. MacDonald, analista de orçamento militar da Janes, afirma: “Não acredito que a França e o Reino Unido atingirão os 3,5% tão cedo”.

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