O presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, anunciou que retomará as relações com os Estados Unidos, rompidas desde 2008 durante o governo do líder de esquerda Evo Morales.
O economista de centro-direita venceu o segundo turno das eleições presidenciais no domingo (19) com 54,5% dos votos, superando o ex-presidente Jorge Quiroga, numa vitória que marcou o fim de quase 20 anos de domínio do MAS (Movimento ao Socialismo), partido cuja principal figura é Evo.
Paz assumirá o governo em 8 de novembro. Durante a campanha eleitoral, prometeu reinserir o país sul-americano no cenário internacional. Atualmente, os principais aliados de La Paz são Venezuela, Cuba, Nicarágua e Rússia.
“No caso específico dos Estados Unidos, essa relação será retomada”, afirmou Paz em uma conversa com jornalistas na segunda-feira (20). Em 2008, a Bolívia e os EUA protagonizaram uma crise após Evo acusar a CIA, a agência de inteligência americana, de conspirar contra suas políticas energéticas.
O então presidente expulsou o embaixador americano, Philip Goldberg, acusando-o de apoiar uma conspiração para dividir a Bolívia. Washington negou as acusações e expulsou, de forma recíproca, o embaixador boliviano.
Desde então, não há relações diplomáticas entre os dois países.
Paz afirmou que já abriu diálogo com representantes do governo de Donald Trump. “Acredito que isso seja muito importante”, disse o presidente eleito.
O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, comentou a vitória do candidato. “Depois de duas décadas de má administração, a eleição de Paz representa uma oportunidade de transformação para ambas as nações”, afirmou o americano.
A campanha de Paz, que lidera o Partido Democrata Cristão (PDC), apostou em um discurso de moderação, diálogo e reconstrução, buscando se distanciar tanto do populismo do MAS quanto da oposição conservadora mais dura.
Essa estratégia se mostrou eficaz para atrair eleitores desiludidos com a crise interna do movimento de Evo e o desgaste de Arce, que enfrentou divisões profundas dentro da própria base.
O novo presidente defende o “capitalismo para todos”, prometendo liberalizações que beneficiem os pobres e a legalização do comércio para acabar com o contrabando. Com seu governo, o país deve flexibilizar a exploração de recursos naturais por entes privados e aumentar para 50% a participação dos departamentos bolivianos (o equivalente aos estados) no Orçamento da União.
