O Cebolinha da vida real se chama Luiz Carlos da Cruz, tem 77 anos e vive em São Sebastião, no litoral de São Paulo com sua mulher, Teresa. Os dois se mudaram há quatro anos de Mogi das Cruzes, onde conheceram Mauricio de Sousa, encontro que mudaria para sempre a vida daquele rapaz que falava tudo “elado”, ou melhor, errado.
Seu Cebola, como insiste em ser chamado, não troca mais a letra “R” pelo “L”, como fazia quando criança e faz até hoje nas páginas da “Turma da Mônica”. Exceto se fica muito nervoso, ele superou a dislalia, distúrbio de fala que virou a marca do personagem nos gibis.
O apelido surgiu da cabeça de Antonio Mauricio de Sousa, o pai do quadrinista, que tinha uma barbearia em Mogi das Cruzes, na década de 1950, quando Luiz Carlos da Cruz era moleque. Seu cabelo, todo arrepiado, fazia o homem lembrar uma cebola. “Quando eu tinha sete anos, ele passou óleo de comida na minha cabeça. Daí assentou os fios”, ele lembra.
Treze anos mais novo que Mauricio de Sousa, que completa 90 agora, Cebola brincava vez ou outra com ele. Seu negócio mesmo era com o irmão do quadrinista, Marcio Araujo, que tinha a idade mais próxima da sua. Em meio à molecada estava também Jair, menino que detestava banho e nas páginas virou o Cascão.
“Quando Mauricio me desenhou pela primeira vez eu fui contra, xinguei todo mundo. Daí o pai dele me pôs de castigo. Acho que não gostei do cabelo, me senti sendo zoado.”
Mas isso passou. Seu Cebola virou celebridade local e diz que é grato pelo personagem. Apesar de não se verem há anos, Mauricio manda dinheiro para ajudar a pagar o plano de saúde dele, que sofre com diabetes e pressão alta.
