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Mercosul se divide sobre felicitar María Corina por Nobel – 17/10/2025 – Mundo

O governo da Argentina propôs incluir, em um documento oficial do Mercosul, uma felicitação à líder antichavista María Corina Machado pelo Prêmio Nobel da Paz, mas as delegações do Brasil e de outros países na região se recusaram a apoiar a manifestação.

Durante o encontro do Foro de Consulta e Concertação Política do Mercosul, na última sexta-feira (10) em Brasília, os representantes do governo de Javier Milei defenderam inserir na ata da reunião um texto parabenizando María Corina por sua defesa da democracia. Ela havia sido premiada poucas horas antes.

O Foro inclui os cinco membros do bloco (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia), além de Chile, Colômbia, Panamá e Peru, que participam como nações associadas.

Ao final da discussão, apenas Argentina, Paraguai e Colômbia concordaram com a saudação.

“As delegações de Argentina, Colômbia e Paraguai saudaram a entrega do Prêmio Nobel da Paz de 2025 a María Corina Machado por sua incansável defesa da democracia e das liberdades fundamentais“, diz a ata do encontro, sem citar os demais participantes.

De acordo com pessoas a par das discussões, o Brasil e outras delegações apresentaram objeções e consideraram inoportuna a felicitação no colegiado do Mercosul.

Alguns representantes dos países que participaram destacaram ainda que o Nobel havia sido anunciado poucas horas antes e que não poderiam se comprometer com uma declaração sem instruções das respectivas capitais.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não publicou nenhuma manifestação oficial sobre a premiação concedida pelo Comitê Norueguês do Nobel a María Corina.

O governo Lula teme que a láurea concedida à líder antichavista aumente as chances de uma intervenção militar americana na Venezuela, ao empoderar a ala mais linha-dura do governo Donald Trump, liderada pelo secretário de Estado, Marco Rubio. Em entrevista à Folha, María Corina disse que Lula deveria falar a Maduro que é hora de ir embora e deixar o poder. Segundo ela, Trump é o “o líder que mais claramente entende a necessidade de desmontar este sistema criminoso, e nós, venezuelanos, somos profundamente gratos a ele”.

Para o governo brasileiro, María Corina é vista como de ultradireita, e a premiação pode dificultar as tentativas de Brasília de reduzir a tensão na região.

A crise na Venezuela é um dos temas que mais preocupam o governo Lula. A situação, já delicada pelas eleições contestadas pela oposição e não reconhecidas por diversos países devido às evidências de fraude, agravou-se após os EUA declararem cartéis venezuelanos como organizações terroristas e deslocarem forças navais para a costa do país.

Na escalada mais recente, o governo Trump autorizou oficialmente a CIA a realizar operações secretas e letais dentro da Venezuela, com o objetivo (ainda que não declarado abertamente) de derrubar o ditador Nicolás Maduro. A informação foi antecipada pelo jornal The New York Times e confirmada pelo próprio presidente.

Lula criticou a política de Trump para a Venezuela. Durante congresso do PC do B em Brasília, na quinta-feira (16), o chefe do Executivo disse que “o povo venezuelano é dono do seu destino” e que o presidente de outro país “não tem que dar palpite”.

Entre os países representados na reunião do Mercosul que não subscreveram a nota de felicitação proposta pela Argentina, alguns posteriormente se manifestaram, enquanto outros, como o Brasil, permaneceram em silêncio.

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, se manifestou ainda na manhã do dia da premiação, dizendo que se tratava de um “reconhecimento da luta pacífica” de María Corina pela liberdade.

No Chile, o chanceler Alberto van Klaveren parabenizou María Corina, chamando-a de líder indiscutível da oposição venezuelana, e se referiu a Caracas como um “regime ditatorial”. O presidente Gabriel Boric, porém, não fez declarações sobre a premiação.

Não houve manifestações oficiais dos governos de Bolívia, liderada pelo esquerdista Luis Arce, e do Peru —neste último caso, o prêmio foi anunciado no mesmo dia em que a então presidente Dina Boluarte foi destituída pelo Congresso.

O presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, se disse surpreso com o resultado da premiação. Ele afirmou que a escolha não é nem boa nem ruim, e que este ano o Nobel da Paz poderia ter ficado vago.

Procurado, o Itamaraty não comentou até a publicação desta reportagem.

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