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Argentina: Recepção de Trump a Milei frustra aliados – 15/10/2025 – Mundo

Javier Milei e seu gabinete queriam que a reunião com Donald Trump na Casa Branca pudesse beneficiar a campanha pelas eleições legislativas na Argentina, no próximo dia 26, especialmente após um escândalo envolvendo um de seus principais candidatos.

O saldo do encontro desta terça-feira (14), porém, parece ser semelhante ao mal-estar gerado pelo show de rock para a apresentação de um livro estrelado pelo argentino uma semana antes.

A reunião não se deu no Salão Oval, como esperava a comitiva argentina, mas em uma sala de refeições onde Milei foi surpreendido pela presença de jornalistas. Trump, familiarizado com a política e com a mídia, respondeu a perguntas, deixando Milei de costas para imprensa e sem falar por quase uma hora.

Foi quando uma correspondente argentina perguntou o que aconteceria com a ajuda financeira dos EUA se Milei perdesse as eleições legislativas, e ele respondeu que, se a oposição saísse vitoriosa, o apoio americano seria retirado.

Antes que o encontro terminasse, o mercado financeiro reagiu negativamente, refletindo a incerteza e a preocupação gerada pelas declarações de Trump. Em vez de festejar a visita, a comitiva argentina tentou controlar as repercussões.

O ministro da Economia, Luis Caputo, pediu que o mercado se acalmasse, após queda da Bolsa argentina. Ele ainda sugeriu que as declarações de Trump poderiam ter sido interpretadas erroneamente e que isso não refletia a posição real do presidente.

Funcionários do governo também passaram a dizer que novos anúncios de cooperação entre os países devem ser divulgados em breve.

A ministra de Segurança Pública, Patricia Bullrich, disse do lado de fora da Casa Branca que Trump se referia a um apoio à “filosofia” proposta por Milei e falava das eleições presidenciais de 2027 na Argentina, não sobre as legislativas deste ano.

“Foi um dia esquisito. O que eu ontem [na segunda-feira] tinha dito não aconteceu, me preocupa que não tenha sido feito um anúncio. Alguma coisa aconteceu”, disse o locutor e streamer Alejandro Fantino, um dos principais apoiadores de Milei.

Militante do mileísmo nas redes sociais, o apresentador de outro canal de streaming Daniel Parisini disse que Trump tinha confundido as eleições e criticou o chanceler argentino Gerardo Werthein pelo resultado da reunião. “Donald acha que as próximas eleições argentinas são as eleições presidenciais”, disse ele. “Se ao menos tivéssemos um ministro das Relações Exteriores (…), as coisas teriam sido diferentes.”

Trump, mais tarde, postou sobre o encontro, reafirmando seu apoio a Milei e desmentindo os mileístas ao confirmar que se referia às eleições legislativas. “Espero que o povo argentino entenda o quanto [Milei] faz bem o seu trabalho, vou dar-lhe o meu apoio nas próximas eleições de metade de mandato”, escreveu, na rede Truth Social.

O retorno da comitiva a Buenos Aires não foi festivo. Opositores enfatizaram que a fala do presidente americano foi uma espécie de “extorsão” aos argentinos, vinculando a ajuda econômica aos resultados eleitorais.

Uma das primeiras críticas veio da ex-presidente Cristina Kirchner. “Trump para Milei nos Estados Unidos: ‘Nossos acordos estão sujeitos a quem ganhar as eleições’. Argentino, você já sabe o que deve ser feito”, escreveu no X.

O principal candidato peronista a uma vaga de deputado na província de Buenos Aires, Jorge Taiana, publicou: “Se a decisão for parar Milei ou aceitar que o presidente dos Estados Unidos nos diga em quem devemos votar, nós, argentinos, em 26 de outubro, sabemos o que devemos fazer. Nunca foi tão claro! Pátria ou Colônia.”

O ex-ministro da Economia Sergio Massa, que foi derrotado por Milei em 2023, destacou as qualidades da Argentina que podem tirar o país da crise, sem a necessidade de um acordo com Washington. “Nosso campo, nossas indústrias, nossas pequenas e médias empresas, nosso talento, nossos trabalhadores, nossos pesquisadores, nossas famílias, nossas universidades. São as únicas coisas que vão nos tornar maiores.”

Já o opositor Martín Lousteau, senador e candidato a deputado pela cidade de Buenos Aires, disse que Trump não quer ajudar a Argentina. “Ele só tenta salvar Milei. Nada de bom pode sair de tudo isso. Nós, argentinos, vamos pagar caro pelo resgate de um governo que perdeu o rumo.”

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